Cidades

Usuários desconfiam de Waze e Google Maps em Guarulhos e questionam eficácia das rotas

Relatos nas redes sociais apontam caminhos mais longos, desvios constantes e sensação de que aplicativos estariam “espalhando” o tráfego; Google e Waze foram procurados, mas não responderam.

Motoristas da Grande São Paulo, incluindo Guarulhos, vêm demonstrando desconfiança crescente em relação às rotas indicadas por Waze e Google Maps, os dois aplicativos de navegação mais usados do país. Nas últimas semanas, multiplicaram-se relatos de usuários que afirmam estar sendo direcionados por caminhos mais longos, vias locais congestionadas e desvios considerados desnecessários, mesmo quando há rotas principais aparentemente livres.

A dúvida levantada por muitos motoristas é direta: os aplicativos ainda indicam o melhor caminho individual ou estariam operando para dispersar o tráfego, evitando sobrecarga de grandes avenidas e rodovias?

Relatos frequentes nas redes sociais

No X (antigo Twitter), Facebook, Instagram e fóruns de mobilidade urbana, usuários relatam experiências semelhantes:

  • desvios sucessivos por ruas residenciais;

  • aumento do tempo de trajeto em deslocamentos diários;

  • mudanças repentinas de rota durante o percurso;

  • sensação de que o aplicativo “evita” vias principais mesmo fora do horário de pico.

Em Guarulhos, as reclamações se concentram em acessos à Via Dutra, Fernão Dias, Ayrton Senna, Marginal Tietê e corredores urbanos, onde motoristas afirmam que o aplicativo frequentemente direciona para bairros internos, aumentando o fluxo em ruas que não foram projetadas para tráfego intenso.

Embora esses relatos sejam numerosos, não há, até o momento, estudos públicos que comprovem falhas sistemáticas ou direcionamento intencional para prejudicar o usuário.

O que dizem os especialistas em mobilidade

Especialistas em trânsito e tecnologia ouvidos por grandes veículos nacionais em ocasiões semelhantes explicam que os algoritmos de navegação não operam apenas com o “melhor caminho individual”, mas levam em conta múltiplos fatores, como:

  • volume de veículos em tempo real;

  • histórico de congestionamentos;

  • velocidade média das vias;

  • acidentes, obras e interdições;

  • comportamento coletivo dos usuários conectados.

Na prática, isso significa que o caminho sugerido pode não ser o mais curto em distância, mas aquele que o sistema entende como mais rápido ou mais estável naquele momento. Como consequência, parte do tráfego acaba sendo redistribuída para vias alternativas.

Esse modelo, porém, não é oficialmente apresentado pelas empresas como uma política de “dispersão forçada”, e sim como uma tentativa de otimizar o fluxo geral com base em dados agregados.

Há problemas reais nos aplicativos?

Até agora, não existe confirmação oficial de falhas estruturais nos sistemas do Waze ou do Google Maps na Grande São Paulo. Também não há comunicado técnico reconhecendo erros específicos de roteamento em Guarulhos ou cidades vizinhas.

O que existe, de fato, são reclamações pontuais, percepção negativa de usuários frequentes e frustração com trajetos considerados pouco eficientes no dia a dia.

Outro fator apontado por especialistas é a mudança no padrão do trânsito pós-pandemia, com horários menos previsíveis, maior uso de aplicativos de entrega e obras constantes em vias estratégicas — o que dificulta previsões perfeitas, mesmo com tecnologia avançada.

Posicionamento das empresas

O GWEB procurou oficialmente o Google, responsável tanto pelo Google Maps quanto pelo Waze, para questionar:

  • se há alguma política de redistribuição de tráfego;

  • se existem ajustes recentes nos algoritmos na Grande São Paulo;

  • se há registro de falhas ou reclamações formais.

Até o fechamento desta matéria, não houve resposta do Google nem do Waze.

Desconfiança cresce, mas sem comprovação oficial

Embora a desconfiança dos usuários seja real e amplamente compartilhada nas redes sociais, não há evidências documentadas de que os aplicativos estejam deliberadamente prejudicando motoristas individuais. O que se observa é um conflito crescente entre a lógica algorítmica — baseada no coletivo — e a expectativa do usuário, que busca sempre o melhor trajeto para si.

Enquanto não há transparência maior das plataformas sobre como as rotas são definidas, a sensação de insegurança tende a continuar, especialmente em regiões complexas como a Grande São Paulo e Guarulhos, onde o trânsito muda minuto a minuto.