Guarulhos tem uma aldeia indígena multiétnica. Ocupa 130 mil metros quadrados de área de mata, na Região do Cabuçu, próximo ao Rodoanel. Ali vivem desde outubro, quando aconteceu a retomada da terra. São cerca de 60 indígenas de nove etnias que lutam pela demarcação daquela terra.
Por se tratar de uma área de mata chama ainda mais atenção em tempos de febre amarela. Segundo Marcos Boulos, professor titular de moléstias infecciosas e parasitórias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), as pessoas que vivem nessas áreas estão mais expostas ao vírus da febre amarela e por isso precisam de cuidados, de vacina.
Alex Wera Kaimbé, 38 anos, é liderança do povo kaimbé em Guarulhos e sabe disso. “Todos aqui tomamos a vacina. Não houve resistência dos parentes. Estamos tristes com a morte dos macacos, estamos preocupados com essa doença. Só uma gestante da aldeia não recebeu a vacina, porque não pode mesmo”, disse Alex, que convive com indígenas kaimbé, pankararé, pankararu, pataxó, xucuru, wassu cocal, fulni-ô e tupi.
A vacina foi aplicada aos indígenas da aldeia logo depois da retomada da terra. “Vale ressaltar que a UBS Soberana, que também oferece a vacina, é uma Unidade de Referência de Saúde dos Povos Indígenas. Apesar disso, indígenas podem se vacinar em qualquer uma das outras UBSs de Guarulhos que estão vacinando contra a febre amarela”, orienta a Secretaria de Saúde.
“Como nós vivemos aqui em área de proteção, na mata, ficamos mais vulneráveis. Mas todos aqui foram vacinados. Só uma gestante não tomou a vacina, mas porque ela não pode”, contou a liderança indígena. Questionada, a prefeitura não informou quantos dos cerca de 1.400 indígenas espalhados pela cidade já foram imunizados.
Para os indígenas, morar na aldeia significa conviver com a natureza e protegê-la. É valorizar a cultura indígena em seus mais diferentes aspectos, dando suporte para que tradições não se percam e possam se perpetuar pelas novas gerações.