Estadão

Vacina contra HPV e meningite: governo amplia grupos de crianças que podem tomar

Utilizada em mais de cem países como estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como câncer do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis e orofaringe, a vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) passará a ser aplicada permanentemente em meninos de 9 e 10 anos, nova faixa etária incorporada no público-alvo.

Pelo Sistema Único de Saúde (Sus), a imunização contra o HPV só estava disponível em duas doses (com intervalo de seis meses entre cada uma delas) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Com a mudança, a vacinação passa a ser aplicada para todos na faixa etária entre 9 e 14 anos de idade, independentemente do sexo.

Incorporada de forma escalonada ao SUS a partir de 2014, a vacina é aplicada ainda na adolescência porque é mais favorável que a vacinação seja feita antes que a pessoa tenha atividade sexual.

Também podem receber o imunizante gratuitamente pessoas vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos, todos entre 9 e 26 anos. Para esses pacientes, são necessárias três doses, com intervalos de dois e seis meses após a primeira.

Vírus transmitido pela relação sexual ou pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas, o HPV é responsável pela quase totalidade dos casos de câncer do colo do útero, por mais de 90% dos casos de câncer anal e por 63% dos cânceres de pênis, além de parte de outros tipos de tumores, como os de garganta, vulva e vagina.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha ao menos 10 milhões de infectados pelo Papilomavírus Humano e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. No mundo, cerca de 105 milhões de pessoas são positivas para o HPV 16 ou 18.

<b>Meningocócica ACWY</b>

Com base em pesquisas que apontam que as vacinas meningocócicas demonstram uma resposta imune mais robusta nos adolescentes, com persistência de anticorpos protetores por um prolongado período, o Ministério da Saúde também decidiu ofertar temporariamente a partir deste mês a vacina meningocócica ACWY para a faixa etária não vacinada entre 11 e 14 anos.

Conforme o governo federal, tais evidências embasaram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) a incluir no Calendário Nacional de Vacinação a administração de doses de reforço com as vacinas meningocócicas conjugadas na adolescência.

O imunizante contra a meningite está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes entre 11 e 12 anos, mas até junho de 2023, quem tem entre 13 e 14 anos também poderá receber a dose. Segundo a pasta, a ampliação tem como objetivo reduzir o número de portadores da bactéria em nasofaringe.

O Ministério da Saúde afirma ainda que distribui a vacina meningocócica ACWY (conjugada) mensalmente aos Estados. A indicação é tomar uma dose ou reforço, conforme a situação vacinal.

Conforme a pasta, a faixa etária com maior risco de adoecimento são as crianças menores de um ano de idade, mas adolescentes e adultos jovens são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença. Para crianças de 3 meses a 12 meses, a vacina ofertada pelo SUS continua sendo a Meningocócica C.

A meningite meningogócica é transmitida por um grupo de bactérias chamadas meningococos, e provoca inflamação na meninge, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. A transmissão se dá por meio das vias respiratórias, ou seja, pelo ar. Pode deixar sequelas neurológicas, auditivas e dores crônicas.

No Brasil, o mais comum é o tipo C (que envolve 80% dos casos), seguido do tipo B. Os tipos A, W e Y são menos frequentes. As vacinas são consideradas a melhor forma de prevenção contra a meningite e são específicas para cada sorogrupo.

<b>Vacina meningocócica C</b>

Desde julho, o PNI também recomenda a ampliação dos públicos aptos a receber a vacina meningocócica C (Conjugada), que envolve trabalhadores da saúde e crianças até 10 anos. A extensão do público-alvo vai até fevereiro de 2023 e tem o objetivo de proteger a população contra doença meningocócica do sorogrupo C.

O imunizante faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo indicadas duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade e um reforço preferencialmente aos 12 meses de idade. Segundo a nova orientação do Ministério da Saúde, se a criança de até 10 anos não tiver se vacinado, deve tomar uma dose da meningocócica C. Já os trabalhadores de saúde, mesmo com o esquema vacinal completo, podem se vacinar com mais uma dose.

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