Estadão

Vacinas são eficazes e não é hora de mudá-las, mas de garantir igualdade, diz OMS

O diretor do programa de emergência sanitária da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse nesta sexta-feira, 3, que é hora de distribuir doses de forma mais igualitária ao redor do globo, não de adaptar a composição das vacinas contra covid-19 à variante Ômicron. Ele acrescentou que os imunizantes utilizados hoje são "altamente eficazes" e que, caso seja necessário "mudá-los", cientistas já estudam como.

"Agora, não há necessidade de mudar as vacinas que usamos, não há evidência que suporte isso", disse Ryan, em uma transmissão ao vivo no Youtube nesta sexta-feira, 3. "Temos vacinas altamente eficazes que estão funcionando. Temos de focar em fazer com que elas sejam mais equitativamente distribuídas. Precisamos vacinar aqueles que mais estão em risco."

Ele assegurou que, se for preciso alterar a composição dos imunizantes, já há "muito sendo feito". "O trabalho preliminar já está acontecendo", disse.

A diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, porém, falou que, considerando o que ocorreu com o surgimento de outras variantes, é provável que a eficácia dos imunizantes seja reduzida. "Pode haver uma redução da eficácia das vacinas, mas não temos essa informação ainda", declarou.

Ambos também consideram "cedo" para dizer com certeza se a severidade da doença causada pela Ômicron é maior ou não. Maria declarou que, até o momento, há relatos de doentes com a variante com quadros que vão de leve até severo.

Os menos graves são os mais frequentes. Ryan, porém, advertiu que é preciso analisar essa informação com "cautela". "No começo, quando uma variante chega, ela tende a infectar pessoas que estejam mais se misturando socialmente. Na África do Sul, eram pessoas jovens, em maioria", explicou. "A maior parte dos casos ser leve provavelmente reflete o fato de que está infectando pessoas jovens e saudáveis", ponderou.

Sobre a transmissibilidade da nova cepa, Maria disse que "há indícios" que seja maior do que outras. Porém, alertou que o mais importante é saber se ela é mais transmissível do que a Delta – variante que representa 90% das internações pelo mundo, segundo a OMS.

Para Ryan, os dados de hospitalizações das próximas semanas permitirão uma análise mais assertiva sobre a severidade e a transmissibilidade da variante.

Maria reforçou o pedido da organização internacional de que os países intensifiquem vigilância, testagem e sequenciamento da cepa. "É sobre saber onde o vírus está e prevenir que ele se espalhe", falou. Além disso, que aumentem os esforços de vacinação, principalmente daqueles que estejam nos grupos de risco da covid.

<b>Delta preocupa mais</b>

Ela e Ryan concordam que, agora, a maior preocupação é com a cepa identificada na Índia no ano passado. E que, ao combater a Delta, países conseguem estar melhor preparados para lidar com a Ômicron.

Maria orientou os governos a manterem medidas que reduzam a transmissão do vírus, como o uso de máscaras, o distanciamento físico, a proibição de aglomerações e o incentivo ao trabalho remoto. Porém, destacou que não falava sobre bloqueios mais severos, como lockdowns.

Ryan, por sua vez, criticou mudanças de protocolos sanitários drásticas e repentinas. "Precisamos ser mais consistentes", indicou. "Vírus não desaparecem da noite para o dia."

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