A tentativa do presidente Jair Bolsonaro de montar palanques regionais para sua candidatura à reeleição tem provocado uma crise entre seus apoiadores. Em São Paulo, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles criticou o fato de ter sido preterido na escolha de um candidato ao Senado. Em tom de queixa, Salles disse que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, será candidato a governador, e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disputará a cadeira de senador na mesma chapa.
O ex-ministro admitiu que tinha interesse em concorrer ao Senado pela chapa bolsonarista no Estado, mas indicou que não tem o apoio de Bolsonaro e não deverá tentar concorrer ao cargo. "Como acredito que devo colaborar e nunca dividir, agradeço o carinho de todos que manifestaram apoio à aventada ideia do PR (Presidente da República) de me ter senador, mas vamos seguir por outro caminho", afirmou no Twitter.
Numa tentativa de botar panos quentes na crise interna, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) respondeu a Salles que não há definição sobre candidatura ao Senado dentro do grupo governista. Apesar disso, Zambelli declarou que "será um prazer" ter Salles na Câmara, como deputado federal.
Alvo da Polícia Federal por suspeitas de participação de um esquema ilegal de venda de madeira, Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente em junho, mas nunca deixou de ser aliado do governo. No dia 29 de Bolsonaro, o ex-ministro participou de um almoço com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), terceiro filho do presidente. Filiado ao Novo até 2020, ele foi expulso pela legenda e está sem partido.
Skaf é filiado ao MDB, mas deve se filiar ao partido de Bolsonaro, o PL. Presidente da Fiesp há 17 anos, ele conseguiu eleger seu sucessor para comandar o grupo a partir de 2022, o presidente da Coteminas, Josué Alencar, também filiado ao PL e filho de José Alencar, que foi vice-presidente durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A assessoria de imprensa de Tarcísio, contudo, não confirma que já há uma decisão sobre a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes. Apesar da pressão de Bolsonaro, o ministro da Infraestrutura tem dito que sua preferência é disputar uma vaga ao Senado por Goiás.