Em meio à briga entre Nippon Steel e Ternium, os controladores da Usiminas, os acionistas minoritários disputam nesta segunda-feira, 6, uma vaga no conselho de administração da siderúrgica mineira. Entre os concorrentes, três nomes de peso e conhecidos no mercado: Lirio Parisotto, empresário e um dos maiores investidores individuais no Brasil, Marco Antonio Bologna, ex-presidente da TAM, e Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), que reúne 62 investidores institucionais, locais e estrangeiros.
A força dos nomes propostos tem por trás a disputa societária na Usiminas, que já acumula diversas representações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e duas ações que correm na Justiça de Minas Gerais. Para a AGE de hoje, todos os envolvidos no processo já prepararam um “batalhão” de advogados, tanto do lado dos minoritários quanto dos controladores, afirmam fontes. Apesar de a pauta do dia ser curta, a expectativa é de discussões acaloradas e há quem não descarte a possibilidade de a AGE nem terminar hoje, o que pode acontecer, por exemplo, se houver uma ordem judicial, destaca uma fonte. Caso isso ocorra, a assembleia seguirá no dia 28 de abril, data marcada para a Assembleia Geral Ordinária (AGO).
Depois de todos os holofotes em torno dos controladores, nos últimos dois meses o foco se voltou aos minoritários, que começaram a se organizar para indicar nomes para o assento do conselho da companhia. Mauro Cunha, da Amec, foi o primeiro a ser indicado, pela acionista Tempo Capital.
O segundo nome indicado foi o de Parisotto, por meio do fundo L.Par, o qual reúne recursos do empresário. O L.Par era o segundo maior acionista minoritário fora do bloco de controle até a chegada do BTG Pactual, que, na noite de quinta-feira, lançou o nome do ex-presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, para concorrer ao conselho. O BTG, por meio de um fundo de investimento, é hoje detentor de cerca de 3% do capital votante da companhia, fatia que lhe garante o posto de segundo maior acionista minoritário fora do bloco de controle – o maior é a CSN.
O movimento dos minoritários coincide com um vácuo envolvendo a presidência do conselho de administração da Usiminas, já que a saída de Paulo Penido, hoje o presidente, é dada como certa, uma vez que a sua permanência exigiria um altamente improvável consenso entre os controladores Nippon e Ternium. Fontes apontam ainda que o fundo do BTG teria ligação com a Ternium, ao passo que as demais indicações dos minoritários contariam com a simpatia da Nippon Steel, fato que acirra ainda mais o embate.
Presidência
O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que, se Bologna for eleito hoje, seu nome deverá ser lançado como opção à presidência do conselho de administração. Até o momento, o único nome indicado à presidência é o de Marcelo Gasparino, hoje o único representante dos minoritários, indicado pela L.Par, no conselho da companhia.
O nome de Gasparino ganhou, também na quinta-feira, 2, o noticiário pelo fato de seus bens terem sido bloqueados por decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em consequência de uma investigação sobre desvio de verbas da estatal de energia Celesc, onde ele foi diretor jurídico entre janeiro de 2007 a março de 2009. Gasparino é um dos 17 nomes investigados no processo.
Esse caso envolve uma companhia chamada Monreal, que foi contratada pela Celesc entre maio de 2006 e outubro de 2009 para realizar a cobrança de contas de consumidores em dívida com a Celesc. O que está sob investigação são possíveis pagamentos irregulares.
Gasparino nega participação em qualquer irregularidade. “Nunca assinei qualquer contrato. Na época o então conselheiro da Celesc Lirio Parisotto foi quem encaminhou a denúncia sobre o caso Monreal, ou seja, o mesmo que me indicou como seu sucessor ao cargo de conselheiro da Celesc. Minha candidatura à presidência do conselho da Usiminas segue intacta com apoio dos minoritários que me indicaram”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.