"Essa exposição interativa incluiu meu filho porque, como ele tem autismo, se for só de quadros ele não tem interesse. E quando tem luzes, faz com que eu possa curtir e ele também". A médica e funcionária pública de Petrolina, Pernambuco, Leila Cristina Barros Lomanto fala emocionada da mostra "Pincelando a História: Os quatro artistas que mudaram a história da arte", em cartaz no Shopping Vila Olímpia, até 3 de março.
O motivo das lágrimas ao comentar a exposição é o aspecto multissensorial que ela foi concebida para produzir. São sete salas com projeções nas paredes e no chão, além de réplicas de dezenas de obras de Van Gogh, Monet, Da Vinci e Michelangelo.
De férias em São Paulo, Leila procurou um programa cultural em que pudesse ir com o filho e a mãe. Ela se surpreendeu com a montagem e disse se sentir dentro das pinturas, ainda com o bônus de agradar o garoto que rodava entusiasmado pelas galerias – o que não acontece nos modelos tradicionais. "Ele agora está aprendendo arte de uma forma diferente. Poder levar para ele arte e cultura é fantástico", afirma.
As formas de interagir com as obras são diferentes de acordo com cada sala. Por meio dos 50 projetores, dá para admirar as pinturas se fundindo à frente dos olhos em animações geradas em computador. É permitido também tocar em réplicas de esculturas históricas e tirar fotos à vontade, inclusive posando entre as estátuas.
Entre as obras que talvez jamais atravessassem os oceanos para chegar ao Brasil, há ainda reproduções de esboços de invenções como as máquinas voadoras de Da Vinci. Numa delas, dá até para subir e imitar um pássaro cortando o ar.
A ideia é justamente a experiência imersiva, que só é possível com o aparato técnico nos bastidores. "É necessário um sistema operacional muito grande. Tem cinco computadores só para rodar todo esse espaço de vídeo nos projetores. É um desafio, não pode desligar, não pode perder o sinal", conta o jovem CEO do Multiverso Experience, Mohamad Rabah.
O empresário de 19 anos explica que cada espaço busca provocar um efeito e despertar um sentido diferente nos visitantes, por isso a climatização dos ambientes e diferentes aromas perceptíveis no decorrer do passeio. E a área virtual, por exemplo, confunde os sentidos.
A certa altura, os visitantes são convidados a vestir óculos imersivos que levam a uma exposição dentro da exposição. O tour por um museu cibernético em 360º é confortável e feito em cadeiras giratórias, com um guia da realidade virtual que instiga a exploração por todos os lados, inclusive o teto. A sala expande, assim, ainda mais os mil metros quadrados da exposição.
Além disso, há uma sala de espelhos que dá uma sensação de infinito, duas áreas cenográficas com o quarto de Van Gogh e uma ponte de Monet e também uma galeria repleta de "puffs" onde as pessoas podem deitar, refletir e relaxar.
Inclusive, essa foi a sala que a estudante Maria Eduarda de Campos Milani, de 13 anos, mais gostou. "Parece que realmente a gente está no mundo da arte, naquela época, e pode ver tudo mais de perto. É mais aconchegante", conta, acompanhada pelos pais.
A propósito, os dois não tinham hábito de frequentar exposições e museus, mas o interesse da filha acabou proporcionando a inclusão desses roteiros na vida deles. "Eu estou aqui por causa da minha filha. Ela está fazendo a gente se reinventar nesse mundo de pintura, de arte. E estou gostando", conta Yuki Ishiky Campos Silva, pai de Maria Eduarda.
"Eu sou de um mundo totalmente diferente. É aquele mundo pesado, bruto. E você vê uma coisa tão delicada, bonita, dessas aí é diferente", revela o auxiliar de manutenção civil. Ele afirma não saber de onde nasce o interesse da filha por arte e leitura. Mas ela dá uma pista.
Maria Eduarda disse que eram os pais que a incentivavam a frequentar espaços culturais após demonstrar que gostava de desenho. Além do empurrãozinho da escola em sugerir atividades artísticas extra-classe.
Se ela vai pelo estímulo dos pais e eles acompanham pelo interesse da filha, parece ser um típico caso de retroalimentação pela arte. O tipo de coisa que só a cultura é capaz de propiciar.
De acordo com a organização, o roteiro completo dura cerca de uma hora, para absorver com conforto todos os elementos das salas. A exposição abre no mesmo horário que o Shopping Vila Olímpia, e vende ingressos com hora marcada até as 21h.
<b>Serviço</b>
<b>Onde: </b>Shopping Vila Olímpia. Rua Olimpíadas, 360, Vila Olímpia.
<b>Quando:</b> até 3 de março, das 10h às 22h.
<b>Preço: </b>R$ 25 a R$ 150.