Estadão

Valdemar Costa Neto diz que Moro e Dallagnol ultrapassaram limites e vão pagar caro

O presidente do Partido Liberal de Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, disse nesta segunda-feira, 5, que o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) "ultrapassaram os limites da lei" e "vão pagar caro". As declarações foram feitas durante a inauguração do Diretório Municipal da sigla na cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, a 440 quilômetros da capital paulista.

O presidente da sigla mencionou os dois lavajatistas pela primeira vez comentando a possibilidade de Bolsonaro se tornar inelegível. "Vai acontecer mais ou menos no futuro o que está acontecendo hoje com o pessoal do Paraná. Eles tinham motivo para atacar o Lula? Eles têm que fazer a parte deles. Só que eles ultrapassam os limites da lei. Ultrapassaram. Vão pagar caro", disse Valdemar. Em seguida, amenizou o tom. "Eu não quero que aconteça isso com eles (Moro e Dallagnol). Não tenho nada contra eles. Mas vão pagar caro."

O senador e o deputado foram procurados pela reportagem, mas preferiram não se manifestar sobre as declarações.

A entrevista coletiva da qual Valdemar participou, ao lado do senador Marcos Pontes (PL-SP) e do deputado federal Luiz Carlos Motta (PL-SP), se transformou em uma análise de conjuntura política feita pelo cacique, passando do histórico do mensalão aos planos de Bolsonaro para as eleições de 2026. Ele elogiou a atuação de Michelle Bolsonaro, que assumiu a presidência do PL Mulher, e disse que ela e o ex-presidente "querem as grandes cidades" e "vão entrar na campanha para valer".

Como mostrou o <b>Estadão</b>, Valdemar tem passado por várias cidades e busca reconstruir seu capital político. Ele foi condenado e preso no mensalão, escândalo de corrupção do primeiro governo de Lula. Desde o final de 2021, quando Bolsonaro se filiou ao PL, os dois se associaram e o presidente da sigla voltou a ganhar força. No sábado, 3, ele esteve em uma homenagem que a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) fez a seu pai, Waldemar Costa Filho. O evento, lotado, se transformou em um "beija-mão" em busca do apoio do PL.

Minutos depois, na coletiva, Valdemar voltou a falar dos lavajatistas de Curitiba, salientando que irá privilegiar os interesses da sua sigla em detrimento dos dois. "Eu fico numa posição difícil, porque Dallagnol e Sergio Moro têm o apoio dos bolsonaristas. E você não sabe o pior: o suplente do Dallagnol é do PL. Não cassaram o mandato dele. Cassaram a inscrição." A sucessão do ex-procurador ainda vai ser decidida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e está entre o pastor Itamar Paim (PL-PR) e Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR).

A ação de investigação judicial eleitoral que o PL move contra Sérgio Moro também entrou na pauta. Valdemar reiterou que não desistirá do processo. "Eu não tenho nada contra o Moro, mas eu tenho que cumprir minha obrigação como presidente. Porque o segundo colocado no Paraná é do PL, e perdeu a eleição na casca. Era um deputado federal nosso, apoiado pelo Ratinho e pelo Bolsonaro. E querido. Aí o pessoal chega para mim e diz Valdemar, você não vai fazer nada?"

O deputado ao qual ele se referiu é Paulo Martins (PL-PR), que teve 29,12% dos votos para senador no Estado, contra os 33,82% de Moro. Nos bastidores, há o rumor de que Valdemar teria ressentimentos do ex-juiz federal, que foi auxiliar de Rosa Weber nos casos do mensalão. "Aí me trouxeram um monte de coisa, um monte de documento. Porque o Moro tinha começado campanha para presidente antes. E você não pode gastar dinheiro antes da convenção", justificou o presidente do PL.

Marcos Pontes, senador da República, foi apresentado como o nome de preferência de Valdemar para a prefeitura de São Paulo em 2024. "Ele pode ser um forte candidato." Os dois estiveram juntos também no evento na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, no final de semana.

No entanto, as últimas movimentações do ex-presidente têm mostrado que seu escolhido é Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da cidade. Os dois se encontraram duas vezes este mês, incluindo um almoço a portas fechadas na última sexta-feira, 3, com o assunto eleições.

Independente do candidato para o qual a sigla irá pender, por ora segue como certa a saída de Ricardo Salles (PL-SP) da corrida. Ele se apresentou como o escolhido de Jair Bolsonaro e depois se viu rifado dentro da própria sigla. Em entrevista ao <b>Estadão</b> nesta segunda, o ex-ministro do meio Ambiente do governo passado disse que o "Centrão venceu e a direita perdeu".

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