A Vale e a produtora de aço verde H2 Green Steel assinaram um acordo para estudarem em conjunto o desenvolvimento de hubs industriais no Brasil e na América do Norte. Nesses complexos industriais, a H2 Green Steel pretende fabricar produtos da cadeia siderúrgica de baixo carbono, como hidrogênio verde e <i>hot briquetted iron</i> (HBI), tendo como insumos briquetes de minério de ferro produzidos pela Vale e eletricidade de fontes renováveis para suprir a produção de hidrogênio verde.
Nos hubs espera-se que a Vale construa e opere plantas de briquete, que alimentarão reatores de redução direta para a produção de HBI (conhecido em português como ferro-esponja) e outros metálicos. O número de hubs que serão construídos, sua localização e capacidade de produção serão definidos após os estudos de viabilidade a serem desenvolvidos em conjunto pelas duas empresas.
Com esse acordo, a Vale estabelece uma parceria no Brasil com um produtor de ferro e aço verdes que está na "vanguarda da descarbonização global", enquanto fomenta a indústria de baixo carbono e estimula a cadeia do hidrogênio verde no País. "Com essa parceria, a Vale dá seus primeiros passos no mercado de hidrogênio verde", afirma o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. "A iniciativa reforça o papel da Vale como indutora da neoindustrialização do Brasil, que será baseada na indústria de baixa emissão de carbono, cumprindo sua vocação de âncora do desenvolvimento regional, como sempre fez ao longo de sua história."
A H2 Green Steel é uma startup industrial sueca fundada em 2020 que já iniciou a construção de sua primeira usina siderúrgica de grande escala em Boden, na Suécia, usando hidrogênio verde. "Anunciamos no início de nossa jornada que queremos explorar outras regiões geográficas onde possamos acelerar a descarbonização da cadeia de valor do aço.
Tanto o Brasil quanto partes da América do Norte têm grande potencial devido ao acesso a fontes de energia renovável, minério de ferro de alta qualidade e disposição política para apoiar projetos de descarbonização, e é uma grande oportunidade para explorarmos nossa parceria com a Vale além do fornecimento de pelotas para nossa principal usina em Boden", explica Kajsa Ryttberg-Wallgren, vice-presidente executiva de Crescimento e Negócios de Hidrogênio da H2 Green Steel.
Em julho deste ano, a Vale e a H2 Green Steel assinaram um acordo para fornecimentos de pelotas de redução direta à planta de Boden. A Vale espera alcançar a capacidade de produção de 100 milhões de toneladas de aglomerados (briquetes e pelotas) após 2030.
"Vemos um grande potencial no Brasil como um polo de produtos siderúrgicos de baixa emissão de carbono", afirma o vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro da Vale, Marcello Spinelli. "O país oferece condições como minério de ferro de alta qualidade e grande disponibilidade de energia renovável, inclusive eólica e solar, para alavancar a indústria de hidrogênio. A Vale vem contribuindo com a oferta de minério de ferro premium e com o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, como briquetes e pelotas, e de modelos de negócio inovadores, como os hubs industriais".
<b>Briquete de minério de ferro</b>
Desenvolvido pela Vale em seu centro de tecnologia em Minas Gerais, o briquete é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, que confere elevada resistência mecânica ao produto final. A primeira planta de briquete, com investimentos de R$ 1,3 bilhão, está sendo comissionada em Vitória e começará a produzir até o final do ano.
Inicialmente a Vale produzirá em Vitória o briquete para a rota de alto-forno, que já foi testado e aprovado por vários clientes. A empresa segue desenvolvendo o briquete para a rota de redução direta. Foram realizados com sucessos sete testes experimentais e ainda este ano serão feitos dois testes industriais, diz a Vale.
<b>Siderurgia de baixo carbono</b>
A Vale estabeleceu a meta de reduzir em 15% as suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035, o equivalente às emissões de um país como a Nova Zelândia. A Vale já assinou mais de 50 acordos com clientes para oferecer soluções de descarbonização, que são responsáveis por 35% das emissões de escopo 3 da empresa.
Entre as soluções propostas, está a construção de plantas de briquete localizadas nas instalações de alguns clientes, além dos hubs industriais. Até o momento haviam sido anunciados três desses complexos no Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã), que receberam o nome de Mega Hubs e produzirão HBI para suprir os mercados locais e transoceânico.
<b>Descarbonização das operações</b>
A Vale estabeleceu também a meta de reduzir suas emissões líquidas de carbono de escopo 1 e 2 (diretas e indiretas) em 33% até 2030, com o objetivo de zerá-las até 2050. Em 2021 a empresa anunciou investimentos de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões para atingir essa meta.
Para reduzir as emissões diretas, a Vale vem estudando a adoção de combustíveis alternativos para suas ferrovias, como a amônia verde – produzida a partir do hidrogênio -, e para seus caminhões, como o etanol. A empresa também utiliza a eletrificação para equipamentos de menor porte. Para descarbonizar a produção nos fornos de pelotização, a Vale vem fazendo testes com o uso de biocarbono no lugar do carvão mineral.
A empresa estabeleceu a meta de atingir 100% do consumo de eletricidade por fontes renováveis nas operações do Brasil até 2025 e globalmente até 2030. Em julho, foi anunciado o atingimento da capacidade máxima do complexo solar Sol do Cerrado, inaugurado em 2022 em Jaíba (MG), um investimento de R$ 3 bilhões que fornecerá 16% de toda a energia consumida pela empresa no Brasil.
Também em julho, foi fechado um acordo com a Wabtec para iniciar estudos de desenvolvimento da amônia verde como combustível para trens da Estrada de Ferro Carajás. Também foram adquiridas três locomotivas elétricas compondo a solução para trazer eficiência energética.