Economia

Vale já levantou US$ 3 bilhões com desinvestimentos neste ano

A Vale levantou de janeiro a setembro US$ 3 bilhões em desinvestimentos, informou nesta quinta-feira, 22, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani. A perspectiva da empresa inicialmente era levantar US$ 6 bilhões com a venda de ativos ao longo do ano.

Segundo Siani, esse montante não deve ser atingido porque o project finance para financiar o corredor logístico Nacala, em Moçambique, teve conclusão postergada para o primeiro trimestre de 2016. O project finance é estimado em US$ 2 bi a US$ 2,7 bi.

“Os US$ 6 bilhões consideram o project Finance. Há outras transações no pipeline que não vão compensar esse montante, mas adicionar”, disse Siani.

Siani afirmou ainda que a Vale tem flexibilidade hoje em relação aos desinvestimentos, porque não está sob pressão de caixa. O executivo destacou que a companhia reduziu sua dívida líquida em US$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre e, caso necessário, pode aumentar novamente a dívida neste patamar para financiar a conclusão de projetos.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse ainda que o programa de venda de ativos inclui, além de levantar caixa, a venda de ativos não mais estratégicos no portfólio da companhia, caso da operação de alumínio da MRN. “No caso da MRN não estamos mais na cadeia do alumínio e é natural que façamos a alienação desse ativo”, disse o executivo.

A mineradora Vale assinou um acordo com a norueguesa Norsk Hydro para uma possível venda de 40% de sua unidade produtora de bauxita no Brasil, a Mineração Rio do Norte (MRN), conforme já havia informado neste mês a companhia norueguesa. Hoje o presidente da Vale disse que apesar de haver pontos difíceis de serem previstos, o fechamento da operação poderá ocorrer ainda neste ano.

A Norsk Hydro, segunda maior produtora global de alumínio, depois da Alcoa, já tem uma participação de 5% na MRN.

Minério

De acordo com o diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga, a meta de alcançar um custo caixa de minério de ferro em US$ 10 a tonelada é algo conservador, visto que essa estimativa não prevê, ainda, ganhos de produtividade que serão obtidos pela companhia futuramente.

Poppinga disse ainda que o minério de ferro Carajás, por exemplo, já possui um custo caixa de cerca de US$ 10 a tonelada.

No terceiro trimestre do ano o custo médio de colocação do minério de ferro da Vale nos navios para exportação no intervalo chegou em US$ 12,7 a tonelada, ante um custo de US$ 22,5 a tonelada observado no mesmo intervalo de 2014 e de US$ 15,5 a tonelada no trimestre imediatamente anterior.

Novos projetos

A Vale descarta investir em novos projetos de grande porte enquanto não concluir os investimentos em curso, como S11D, em Carajás, Itabiritos, em Minas e o projeto de carvão e logístico em Moçambique. Em um momento de ciclo de baixa do preço do minério, a companhia continuará focada em manter a disciplina de capital.

Para Murilo Ferreira, a indústria não tem espaço para novos projetos robustos neste momento. “É mais importante estarmos preocupados em desalavancar a empresa e remunerar os acionistas que têm nos apoiado na conclusão de projetos. Temos disciplina de capital muito forte e não vamos partir para a imprudência”, disse Ferreira em teleconferência com jornalistas.

Questionado sobre rumores que sucederam o anúncio de sua licença da presidência do Conselho de Administração da Petrobras, Murilo Ferreira disse que “estava em uma call da Vale e não pretendia se manifestar sobre a Petrobras”. A Vale realizou nesta quinta-feira teleconferência com a imprensa para comentar os resultados do terceiro trimestre da mineradora brasileira.

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