Os investimentos da Vale serão menores nos próximos anos, afirmou o diretor Financeiro da empresa, Luciano Siani, em uma apresentação na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) nesta terça-feira, 02. Para 2016, a projeção é de gastos (capex) de US$ 7,6 bilhões, abaixo dos US$ 10,17 bilhões anunciados para 2015.
Em 2012, a Vale atingiu um dos níveis mais altos dos últimos anos de investimento, chegando a gastar US$ 16,2 bilhões. Pelos planos da mineradoras mostrados nesta terça, o número deve ser bem menor no futuro próximo, chegando a US$ 4,9 bilhões em 2018 e 2019.
Apenas em 2016, o projeto de minério de ferro chamado S11D, Serra Sul, vai ser responsável por cerca de metade dos gastos com investimentos. Para 2015, a projeção é de gastos de US$ 3,7 bilhões no projeto e de US$ 3 bilhões no ano seguinte. O projeto irá adicionar uma capacidade anual de 90 milhões de toneladas à companhia.
A Vale espera terminar seus projetos de desinvestimento e ainda buscar parceiras ou joint ventures, de acordo com o diretor Financeiro. Essas operações, que inclui a abertura de capital da unidade de metais básicos, pode gerar caixa para a empresa de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões. Entre estas operações, ele citou ainda joint ventures na área de fertilizantes e de carvão.
Em 2018, os reflexos de toda a estratégia que a empresa vem conduzindo vai ser melhor sentido, segundo Siani. Para aquele ano, a Vale deve gerar Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 22 bilhões a US$ 28 bilhões, com a grande maioria, US$ 16 bilhões a US$ 20 bilhões, vindo do negócio de minério de ferro.
Volumes de produção
De acordo com o presidente da companhia, Murilo Ferreira, a Vale não vai aumentar seus volumes de produção a qualquer preço. “Nosso critério é focar em projetos de classe mundial.”
Ferreira citou que em 2014 a produção cresceu nas principais commodities que a empresa produz e que o preço do minério de ferro tem apresentado volatilidade. Para os próximos anos, o aumento da produtividade vai levar a queda de custos.
Minério de ferro
Já o diretor global de comercialização de minério de ferro da Vale, Claudio Alves, disse que a mineradora brasileira deverá ser a única a ter um substancial volume de minério de alta qualidade para fornecimento no mercado transoceânico. Alves citou que o minério da Vale deverá ter no futuro um teor de concentração acima de 64% para fornecimento, ao passo que os principais concorrentes, australianos, terão, na melhor das hipóteses um minério com concentração de ferro de 62%.
“Ninguém está aumentado a produção com minério de ótima qualidade”, disse o executivo. Alves citou, em encontro com analistas em Nova York, que a expectativa é que, no futuro, o prêmio a ser pago pelo minério de melhor qualidade cresça.
O executivo lembrou que as siderúrgicas chinesas precisam do minério de alta concentração de ferro para misturar com o minério de mais baixa qualidade para o funcionamento do forno e, além disso, diante do aumento da preocupação em torno de questões relativas à poluição, o minério de maior concentração ganha mais relevância, já que ele é menos poluente.