Opinião

Vale tudo para ter a copa no Brasil?

Semana passada, neste mesmo espaço, foi abordada a possiblidade do Brasil perder o direito de sediar a Copa do Mundo de 2104, devido a alguns desentendimentos entre o governo brasileiro e a Fifa. Alguns leitores, em mensagens enviadas ao HOJE, até criticaram a postura do jornal em não comungar com a ideia de que vale tudo para receber os jogos, além de questionar os altos custos que o evento vai custar ao país. Teve gente alegando que a imprensa joga contra os interesses da nação, quando – na verdade – o que se faz aqui é justamente defender o dinheiro público, que deve ser bem aplicado em áreas sociais para melhorar a vida da população e não para servir de pretexto para esquemas que beneficiam alguns poucos.


Tanto a Copa no Brasil chegou a ficar ameaçada que a presidente Dilma Roussef foi à Federação Internacional de Futebol (Fifa), em Bruxelas, ontem a fim de garantir os jogos no país. Porém, em vez de defender a soberania nacional, como chegou a defender o ex-presidente Lula na semana passada, durante evento que participou na Europa, ela foi dizer que vai aceitar as condições impostas pela entidade. Tudo para que o Brasil receba os jogos. Mesmo que isso onere ainda mais o país, passando por cima inclusive de direitos adquiridos pela população local.


O governo brasileiro entrou no jogo da Fifa e se dispôs a rever pontos da Lei Geral da Copa que divergem da proposta da entidade. Legisalações locais – de estados e municípios, por exemplo, não prevalecerão mais.


Um dos pontos de divergência que deverá ser revisto é a proibição da venda de bebida alcoólicas, que conta do estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e que pode ser alterado. Em relação à concessão de meia-entrada a estudantes, a legislação é estadual, por isso será tratada diretamente com as unidades da federação.


A Lei Geral da Copa foi enviada há cerca de 15 dias ao Congresso. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), criou uma comissão especial para analisá-la e encaminhá-la o mais rápido possível para o plenário da Casa. A Copa do Mundo, como grande evento esportivo, lógico que será bem vinda. Porém, meios de comunicação sérios não podem fechar os olhos para possíveis desvios de finalidade. É necessário clareza. Não se pode aceitar que o Brasil pague qualquer preço só para ter os jogos aqui. 

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