Depois de três trimestres consecutivos no vermelho, a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, conseguiu retornar ao lucro, a despeito da derrocada dos preços do seu principal produto. A Vale apresentou um lucro líquido de US$ 1,675 bilhão no segundo trimestre do ano, crescimento de 17,3% em relação ao observado no mesmo período de 2014. Em relação aos três meses anteriores, a companhia reverteu o prejuízo líquido, que foi de US$ 3,118 bilhões.
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, afirmou, em vídeo no site da companhia, nesta quinta-feira, 30, que o resultado “expressivo” do segundo trimestre mostra que a companhia está preparada “para um cenário desafiador para as commodities”. “Esse é um resultado limpo, sem nenhum fator exógeno que prejudicasse o resultado da empresa, como por exemplo a desvalorização do câmbio em relação ao dólar”, disse Siani. Segundo ele, sem esse efeito da desvalorização, que impacta o valor da dívida da companhia, a Vale conseguiu voltar ao azul.
A companhia atribui a melhora no lucro líquido principalmente ao efeito não caixa nos resultados financeiros da apreciação de 3% do real contra o dólar no segundo trimestre de 2015, contra a depreciação de 21% no primeiro trimestre. O lucro apresentado veio 2,5 vezes acima da média das projeções coletadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado (com BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, JPMorgan, Santander e Votorantim Corretora), que era de lucro de US$ 653 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no intervalo de abril a junho atingiu US$ 2,213 bilhões, 46,1% menor que no segundo trimestre de 2014, influenciada pela queda do preço do minério de ferro, produto carro-chefe. Já em relação ao primeiro trimestre deste ano a cifra é 38,1% maior. A receita operacional líquida, por sua vez, ficou em US$ 6,965 bilhões, queda de 29,7% no comparativo anual e aumento de 11,6% na trimestral.
De acordo com Siani, a melhora na geração de caixa da Vale é decorrente, principalmente, do foco da empresa nos custos. “O custo por tonelada caiu expressivamente e as margens da empresa aumentaram e com o aumento de produção fomos capazes de entregar esse resultado”, afirmou.
O custo caixa FOB do minério de ferro da Vale, que inclui mina, usina, ferrovia, porto, ex-royalties, caiu de US$ 18,3 a tonelada no primeiro trimestre do ano para US$ 15,8 a tonelada no intervalo de abril a junho deste ano. Segundo a companhia, essa melhora é decorrente das iniciativas de redução de custos em curso e pelos ramp-ups da mina N4WS e de alguns dos projetos de Itabiritos.