Os
gargalos que impedem a melhoria da competitividade, a qualificação da
mão de obra e a importação de profissionais são alguns dos temas que,
recorrentemente, fazem parte da pauta da indústria brasileira, sufocada
pela falta de uma política nacional de desenvolvimento, com ênfase na
produção. Nesta semana, o Congresso Nacional, por meio da Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, recebeu o professor
Marcos Formiga para discutir o assunto com os deputados.
Graduado
em Educação Internacional pela Universidade de Londres, ele atua há
quase três décadas em áreas de Economia Regional e Educação
Internacional, Educação Aberta e a Distância. Desta forma, conhece como
poucos a verdadeira realidade da educação no país, principalmente no que
se relaciona ao ensino voltado ao desenvolvimento. Assim, o debate com
parlamentares ligados à área de produção rendeu ótimas ideias, simples e
que podem ser colocadas em práticas de forma rápida, caso haja vontade
política para tanto.
Um
dos projetos abordados, defendido por este deputado, é a implantação no
Brasil do Mutirão da Profissionalização, um sistema que poderia
integrar escolas profissionalizantes, cursos técnicos, faculdades,
iniciativa privada, poder público, além da sociedade civil, por meio de
associações de bairros, igrejas e sindicatos, entre outros. A ideia
consiste em identificar as necessidades de cada cidade e promover cursos
voltados à profissionalização a fim de atender as empresas da região.
E
não é necessário contar com uma megaestrutura, que inclua a construção
de prédios ou contratação de pessoal. Basta boa vontade e determinação. A
sociedade civil entra com os locais para a realização dos cursos.
Existem em nossas cidades inúmeros templos religiosos, clubes e
associações com auditórios que ficam vazios durante boa parte da semana e
que poderiam ser cedidos gratuitamente para a formação
profissionalizante. Escolas e faculdades cederiam o corpo técnico,
incluindo professores e equipamentos, em troca de possíveis isenções ou
mesmo para aprimorar o conhecimento de seus profissionais na prática
docente.
Já
o poder público patrocinaria o projeto, por meio de incentivos fiscais,
por exemplo. As empresas absorveriam essa mão de obra, que estará mais
preparada para prestar os serviços necessários nos próprios locais onde
vivem. Como o Brasil não conta com esse tipo de ação, é comum hoje
muitas empresas sofrerem com a falta de profissionais capacitados, sendo
obrigadas a buscá-los em outras cidades e até países, a fim de
preencher suas necessidades, o que – invariavelmente – aumenta os custos
operacionais, inviabilizando muitas vezes a produção nacional.
Como
sempre defendo, são essas medidas simples que podem ajudar a
desenvolver o Brasil e incentivar os setores produtivos. Não adianta
nada ficar esperando grandes ações, que envolve milhões em investimentos
de dinheiro do próprio povo, se não se faz nem o básico. Passa da hora
do Brasil contar com uma política de educação voltada à formação
profissional.
*Carlos
Roberto é deputado federal, presidente da subcomissão de monitoramento
das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com
destaque ao BNDES, e industrial.