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Vander Lee morre em Belo Horizonte e deixa DVD de 20 anos de carreira inédito

O cantor e compositor Vander Lee morreu aos 50 anos, nessa sexta, 5, às 8h, em Belo Horizonte, após ser internado no Hospital Madre Teresa. De acordo com sua assessoria, ele passou mal na tarde de quinta-feira, 4, durante aula de hidroginástica, vítima de um aneurisma da aorta abdominal e passou por uma cirurgia, mas não sobreviveu após 11 paradas cardíacas. O velório, aberto ao público, ocorreu no Teatro Francisco Nunes, centro da capital mineira, onde o artista fez vários shows e gravou um CD ao vivo. O corpo deve ser enterrado hoje, no cemitério Bosque da Esperança.

Políticos e personalidades se manifestaram. Em nota, o governador do Estado, Fernando Pimentel, afirmou que o cantor “com a sua música, a sua poesia, a sua arte, conquistou o reconhecimento de Minas e do Brasil”. Segundo o prefeito da capital, Marcio Lacerda, “Belo Horizonte perdeu um de seus maiores artistas”. “Nada nunca foi fácil na minha trajetória. E claro, hoje não seria diferente. Soube agora, com muita tristeza que meu querido Vander Lee desencarnou. Eu tive a honra e a alegria de dividir canções, palcos, estúdios e boas conversas com esse músico brilhante, com esse amigo querido. Como eu sempre digo: que a Música seja o sedativo da dor. Boa viagem, meu amado afilhado”, postou em rede social Elza Soares, uma de suas intérpretes.

No mês passado, Lee gravou no Espaço Tom Jobim, no Rio, um DVD comemorativo dos 20 anos de carreira com seus grandes sucessos. A cantora Mariene de Castro e a filha do compositor, Laura Catarina, participaram da apresentação. Ele planejava lançar o material, registrado pelo Canal Brasil, em 2017.

Trajetória

Sua carreira começou nos anos 1980, concorrendo em festivais no interior de Minas e também em Belo Horizonte. Em 1996, a Rede Globo local organizou o festival Canta Minas e Lee ficou em segundo lugar com a música Gente Não é Cor. Nessa época, ele tinha o nome artístico de Vanderly, com o qual batizou seu primeiro álbum, independente, que chegou às lojas em 1997. “Havia músicas boas no disco, mas eu não soube concebê-las. Não me sinto representado por ele. Aquele era um disco demonstrativo, um cartão de visitas para as gravadoras. Nunca pensei em torná-lo acessível às pessoas. Foi um disco que serviu para me ensinar como não fazer”, disse o artista em 2005.

No momento em que ele lança seu primeiro disco, a figura do “cantautor”, com exceção dos consagrados, não despertava a atenção do público. Naquele final dos anos 1990, as atenções estavam voltadas para os grupos de axé, os sertanejos e grupos de pop/rock como os Raimundos e seus conterrâneos do Skank, Jota Quest e Pato Fu. O primeiro disco teve repercussão restrita, mas foi o bastante para ele gravar seu sucessor no conceituado selo Kuarup. No Balanço do Balaio é disco que tem grandes sucessos do artista, entre eles Galo e Cruzeiro, Tô em Liquidação e Românticos, sempre pedidas por seu público em shows.

Mas o Brasil é o país das cantoras e foi por meio delas que seu trabalho foi consolidado. Intérpretes mineiras como Ana Cristina e Regina Souza, com quem foi casado, receberam canções em primeira mão. Ainda nos anos 1990, Lee conheceu Elza Soares, que incluiu em shows Subindo a Ladeira. O compositor dividiu o palco com ela algumas vezes. Alcione, Elba Ramalho, Rita Benneditto, Gal Costa e Maria Bethânia também gravaram suas músicas.

Desde 2003, quando o artista registrou seu primeiro trabalho ao vivo, Lee grava regularmente. Nos últimos anos, ele vinha arquitetando parcerias com nomes da cena contemporânea de Belo Horizonte, como Thiago Delegado e Dudu Nicácio.
COLABOROU LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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