Estadão

Varíola dos macacos: Brasil tem 1º caso de transmissão de homem para cachorro

O Brasil registrou, nesta semana, o primeiro caso de um animal de estimação infectado pelo monkeypox, vírus que causa a varíola dos macacos. A contaminação foi identificada em um cachorro de 5 meses que vive em Juiz de Fora (MG). A principal suspeita é de que a transmissão para o filhote, que não teve a raça identificada, aconteceu por meio do dono, que foi diagnosticado com a doença no início do mês. Ambos estão bem, segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais.

O caso foi identificado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) na última segunda-feira, 22, que informou a situação para o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs Minas). Em nota divulgada nesta quarta, 24, o Ministério da Saúde também confirmou o caso.

Os primeiros sintomas da infecção no animal foram prurido (coceira), lesões na pele, pústula e crostas localizadas no dorso e no pescoço. O cachorro começou a apresentar os sinais da doença no último dia 13, cinco dias depois do dono, já adoecido e apresentando sintomas desde 3 de agosto, ir a uma unidade de saúde buscar atendimento.

Com o diagnóstico confirmado, o paciente foi orientado pela equipe de saúde de Juiz de Fora a manter o filhote isolado e que, na necessidade de algum contato próximo (para alimentação e higienização) com o animal, ele utilizasse luvas, máscara, blusa de manga comprida, calça para cobrir a pele, e que a área de contato fosse higienizada com água sanitária.

A transmissão da varíola dos macacos pode acontecer por meio do contato direto com erupções cutâneas, crostas ou fluidos corporais de pacientes infectados; contato físico íntimo (beijo, abraços ou sexo); e também por secreções respiratórias e gotículas em situações de contatos prolongados.

De acordo com a informação da Regional de Saúde, tanto o dono quanto o filhote passam bem. A recomendação é que o isolamento seja praticado por até 21 dias depois da aparição dos sintomas, ou até que o paciente se recupere totalmente.

De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira, o Brasil registra, até o momento, 4.144 casos positivos de varíola dos macacos no País e uma morte causada pela doença. Com 2.640 casos confirmados, São Paulo é o Estado com o maior número de diagnósticos.

Em Minas Gerais, onde o caso de transmissão animal foi relatado e onde único óbito pelo monkeypox no Brasil foi registrado, são 228 casos positivos de acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Estado, também divulgado nesta quinta.

<b>Terceiro caso no mundo </b>

Até então não havia evidência documentada de transmissão da doença do ser humano para animais no Brasil. No mundo, só há dois relatos do tipo até o momento: um nos Estados Unidos, e outro na França, onde foi identificado o primeiro caso.

O episódio, que chegou a ser publicado na revista científica Lancet, levou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos a atualizar seu site para incluir os cães entre os dez animais suscetíveis a ser contaminado pelo monkeypox.

<b>Como cuidar do animal infectado</b>

Se o animal for exposto à varíola dos macacos, as recomendações de cuidado são:

– Separar o animal doente de outros para evitar o contato direto, por pelo menos 21 dias após o adoecimento ou até se recuperar totalmente;

– Utilizar água corrente ou soro fisiológico molhado na gaze para limpar feridas para evitar infecção;

– Usar equipamentos de proteção individual (EPI), como avental, óculos, luvas e máscaras, blusa de manga comprida e calça se precisar ter contato com o animal;

– Lavar as mãos após o contato e descartar os resíduos médicos (gaze) de forma segura e que não seja acessível para outros animais, sobretudo roedores;

– Utilizar colar pós-operatório e evitar que o animal lamba as erupções na pele ou mucosas;

– Usar água sanitária para desinfetar roupas de caminhas, recintos, pratos de alimentos e quaisquer outros itens dos animais infectados, e lavar os objetos depois com água corrente e sabão;

– Não utilizar medicamentos, ou praticar algum tratamento, sem prévia consulta de médico veterinário;

– Evitar o contato com pessoas imunosuprimidas, grávidas, pessoas que tenham filhos pequenos presentes (menores de 8 anos de idade), ou com histórico de dermatite atópica ou eczema – o público pode estar em risco aumentado de desfechos graves da doença;

– Em casos suspeitos, notificar ao Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde locais, imediatamente – canais de comunicação Ministério da Saúde: [email protected] / 0800.644.66.45.

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