Impressiona o coro dos governistas sempre que surge uma nova denúncia contra alguém do alto escalão do governo Dilma Rousseff. Sempre a culpa é da imprensa golpista. É a mídia que não faz outra coisa se não caçar problemas e inventar coisas para incriminar ministros de Estado. É a mesma ladainha. Não muda. Trata-se de um discurso que até colaria se fosse um fato isolado. Ocorre de forma esporádica vez ou outra e não causasse maiores consequências. Mas a prática, corroborada pela própria presidente da República, aponta para outra direção.
Neste ano, até anteontem, nada menos do que cinco ministros, inclusive o braço direito e todo poderoso Antonio Palocci, não haviam resistido às denúncias. Se fossem apenas mentiras inventadas pela mídia golpista, como gostam de chamar aqueles que não sabem lidar com o estado democrático, eles continuariam firmes e fortes em seus cargos. Tanto as denúncias tinham fundamento que a própria presidente saiu falando da necessidade de realizar uma faxina ética em seu governo, em um discurso que foi muito bem aceito pela sociedade. Infelizmente, até agora não passou de discurso. Porque o malfeito – palavra tão usada por Dilma – continua como prática comum na administração federal.
Pela velocidade das denúncias, que sempre se baseiam em fatos concretos, não é de se espantar se – passado o escândalo no Ministério dos Esportes – um novo ministro torne-se alvo das denúncias. Afinal, combustível para isso parece não faltar, justamente por terem se instalado na República tantas práticas nefastas, sempre condenadas pelos atuais administradores quando eles eram oposição.
Já passa da hora, então, de o poder Legislativo – Câmara Federal e Senado – iniciar um processo independente de investigação, a fim de buscar novos focos de corrupção no governo. Caso os poderes constituídos não assumam seus papéis constitucionais, a República ficará fadada a seguir a reboque da mídia – gostem ou não aqueles que não sabem lidar com a democracia -, essa sim comprometida com o País. Não fossem as denúncias divulgadas na imprensa, os desvios de dinheiro público – tão em voga neste instante – poderiam ser maiores ainda.