Do lado de fora, uma multidão aguardava. Uns cantavam. Outros choravam. Alguns, “bebiam o morto”, como se diz no Ceará. Do outro lado da grade de entrada do Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, o corpo sem vida de Belchior reencontrava a família que havia deixado para trás quando sumiu.
Morto na noite deste sábado, 29, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, Belchior voltou para o Estado natal para ser velado e sepultado. Depois do velório em Sobral, município a 240 km de distância de Fortaleza, onde o músico nasceu e viveu até os 16 anos, o corpo foi transportado até a Fortaleza. Às 15h, chegou ao Dragão do Mar e foi recebido por familiares próximos. Por 40 minutos, a família teve seu tempo para reencontrar o parente.
O corpo de Belchior foi recebido sem pompas. Na sala onde o corpo é velado, cinco coroas de flores rodeiam o caixão. Belchior tem o bigode espesso e ainda preto e está vestido com uma camisa azul claro. Foi montado um caminho para que o público pudesse prestar suas homenagens – a família tem um espaço reservado para eles.
Do lado de fora do Dragão do Mar, diante da sua entrada principal, fãs se apertavam para serem os primeiros a encontrarem o músico. A fila seguia por metros, extensa, serpenteando pelo espaço externo do centro cultural. Alguns ambulantes vendiam água, cerveja e refrigerante, mas todo o comércio no entorno estava fechado.
Logo que os portões foram abertos e o público, liberado para entrar, uma confusão teve início e os poucos seguranças presentes precisavam conter a briga. Logo, empurra-empurra foi resolvido e o público seguiu, em fila indiana, em direção à sala onde está Belchior.
No caminho, duas caixas de som tocam canções de Belchior e um telão exibe imagens do cantor.
O corpo permanecerá no Centro Cultural Dragão do Mar até a terça-feira, 2. Às 7h, será realizada uma missa em homenagem ao cantor e compositor. Na sequência, Belchior será levado para o Cemitério Parque da Paz. O sepultamento está marcado para ocorrer às 9h.
*O repórter viajou a Fortaleza a convite do festival Maloca Dragão