Em entrevista ao Jornal da Globo, exibida na noite de segunda-feira, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que a capacidade de produção de gasolina no Brasil chegou ao limite. Com a crise do mercado de etanol e a alta venda de carros flexíveis, que podem usar a gasolina ou o etanol no tanque de combustível, houve um aumento grande da demanda por gasolina. “Nós tivemos aumento de 19% da demanda de gasolina em 2010. Isso fez com que nossa capacidade de produção de gasolina chegasse ao limite”, disse para justificar que a estatal não tem condições mais de segurar os preços, como determinou o governo federal, recentemente, numa espécie de congelamento nos valores cobrados das distribuidoras, como forma de segurar os índices inflacionários, que estavam em alta há cerca de dois meses.
Gabrielli, entretano, tenta acalmar o mercado garantindo que não faltará gasolina no Brasil, desde que seja feito um ajuste no preço doméstico. “Nós estamos praticamente no limite das refinarias hoje existentes para a produção de gasolina. Provavelmente vamos precisar ajustar o preço doméstico. Este é um processo que depende essencialmente do comportamento do mercado internacional. Não vai faltar gasolina no Brasil, mas vamos precisar trazer a importação”.
As declarações da autoridade maior em relação aos combustíveis somente confirmam a total falta de planejamento do governo federal, em relação à política de combustíveis no país. Um dos motivos da alta da gasolina é justamente o aumento da procura devido ao preço em alta do etanol. Isso ocorreu com o aumento indiscriminado da frota de veículos com motores flexíveis que não foi acompanhada por qualquer ação de incentivo à produção de álcool.
Neste momento, época de safra, o valor do combustível derivado de cana-de-açúcar está em um patamar que inviabiliza seu uso. É mais econômico para o consumidor utilizar gasolina, o que gera aumento da procura, baixa nos estoques e alta do preço na bomba.
Ou seja, o que deveria ser uma boa alternativa para o consumidor, tornou-se uma arma apontada contra sua própria cabeça. O etanol sobe, interfere diretamente no preço da gasolina, que também fica mais cara, gerando um ciclo vicioso que deve se refletir no aumento da inflação. Amanhã o arroz e o feijão também estarão mais caros. Afinal, no Brasil, tudo é culpa do preço da gasolina.