A venda das ações da Petrobras em poder da Caixa Econômica Federal deve ter efeito positivo no banco estatal, elevando o seu patrimônio líquido, que somava R$ 81,2 bilhões ao final do ano passado. O potencial impacto, que pode ser bilionário, depende, contudo, do preço do papel na operação, anunciada nesta segunda-feira, 10, ao mercado.
Este é o segundo desinvestimento da nova gestão da Caixa, presidida por Pedro Guimarães, cujo mandato é vender ativos e participações que não são foco do negócio bancário e tornar o banco mais eficiente. No início do ano, a instituição já havia emplacado uma oferta do ressegurador IRB Brasil Re. Na fila, estão ainda ações da Alupar, de energia, e do Banco do Brasil, ambas fatias detidas pelo FI-FGTS e para as quais a Caixa está selecionando assessores financeiros para também vender por meio de uma oferta na bolsa.
Com o dinheiro obtido com os desinvestimentos, além de investir mais no negócio bancário, a Caixa quer devolver recursos recebidos pelo governo para reforçar seu capital por meio da emissão dos chamados instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD). A Caixa tem um saldo de R$ 40 bilhões, que já começou a ser devolvido, e quer zerá-lo o quanto antes.
No caso da Petrobras, o banco vai vender toda a sua participação de 3,24% em um total de 241.340.371 ações ordinárias. Considerando o fechamento desta segunda, de R$ 29,35, quando os papéis caíram 1,68% como reflexo ao anúncio da operação, a oferta movimentaria cerca de R$ 7 bilhões.
A Caixa chegou a adiar a venda de ações da Petrobras, antes prevista para maio. Pesou, sobretudo, conforme antecipou a Coluna do Broadcast, em 15 de abril, a interferência do presidente Jair Bolsonaro no preço do diesel, o que impactou os papéis da petrolífera na bolsa. Além disso, o banco público aguardava, como também mostrou a Coluna do Broadcast, na semana passada, o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou o processo de venda ou de perda de controle acionário de subsidiárias de estatais sem a bênção do Congresso Nacional.
Em paralelo, a Caixa segue desovando dia após dia a fatia que detinha de ações preferenciais da estatal. O volume, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, é pequeno para emplacar uma oferta assim como o banco público está fazendo com os papéis ordinários.
O preço da ação na oferta da Petrobras será definido em 25 de junho, quando se encerra o procedimento de coleta de intenções de investimento (bookbuilding), aberto nesta segunda. Como é uma oferta secundária, a Petrobras frisa, em comunicado ao mercado, que não receberá quaisquer recursos em decorrência da oferta, que ficarão com a Caixa.
Procurada, a Caixa não comentou a oferta.