Pelo menos cinco terminais portuários estão à venda ou em busca de novos sócios nas Regiões Nordeste, Sul e Sudeste do País. Os empreendimentos – que já têm bancos contratados para buscar investidores – devem movimentar mais de R$ 3 bilhões, segundo fontes a par do assunto. Os negócios têm atraído grupos internacionais da Ásia, Europa e Oriente Médio que atuam no setor portuário, de navegação e no agronegócio.
Entre os ativos negociados está o Terminal Portuário Santa Catarina (Tesc), da Logz – empresa formada por fundos de investimentos administrados pela gestora BRZ. O empreendimento está localizado no complexo portuário de São Francisco do Sul (SC) e tem tradição na operação de contêineres, granéis sólidos, produtos siderúrgicos e cargas de projeto.
Avaliado em cerca de R$ 300 milhões, o ativo tem sido analisado pela gigante japonesa Marubeni. A trading multinacional já atua no porto catarinense por meio do Terlogs, um terminal de grãos adquirido em 2011. Com a aquisição do Tesc, a empresa amplia sua capacidade de exportação no Brasil. Procuradas, a Marubeni não quis falar do assunto e a BRZ disse que não comenta boatos de mercado. Segundo uma fonte, a venda do ativo faz parte de uma estratégia de saída do fundo do investimento, já maturado.
A lista de ativos à venda ou em busca de parceiros inclui também os dois terminais de contêineres da Wilson Sons, que devem valer mais de R$ 1 bilhão, segundo fontes do setor. O Tecon Rio Grande (RS) e o Tecon Salvador têm sido cobiçado por grupos mundiais de logísticas como a PSA, de Cingapura, DP World, de Dubai, CMA CGM, de origem francesa, e China Merchants.
Propostas
Uma fonte ligada ao grupo chinês afirmou que o negócio está em fase de due diligence (auditoria dos ativos) e ofertas não vinculantes – sem compromisso formal de compra. Mas a participação da asiática, que acabou de comprar o TCP, de Paranaguá, por R$ 2,9 bilhões, ainda não definiu sua participação na disputa. A expectativa é que as negociações em torno dos terminais se arrastem até o fim do ano.
Segundo um executivo do setor, o grupo mais ativo nas conversas com a Wilson Sons é a DP World. A empresa comprou a participação da Odebrecht na Embraport, no ano passado, e se tornou a única dona do terminal de contêineres, em Santos. Em nota, o grupo afirmou que não comenta especulações. PSA e CMA CGM também foram procuradas, mas não quiseram falar das negociações.
Uma fonte ouvida pelo Estado afirma que, no caso da Wilson Sons, a venda de ativos pode estar relacionada à expansão das empresas de navegação no setor portuário brasileiro, como a BTP, em Santos, e Itapoá, em Santa Catarina. Nos dois casos, essas companhias são sócias dos terminais – o que acaba garantindo demanda nos portos. Em nota, a Wilson Sons afirmou que ainda não foi tomada uma decisão sobre os ativos. “Estão sendo avaliadas alternativas estratégicas pela diretoria da companhia, que poderão incluir alienação dos referidos ativos e/ou a atração de parceiros estratégicos.”
Qualidade
Para o consultor Nelson Carlini, ex-presidente da CMA CGM, depois de vários investimentos feitos nos últimos anos, o Brasil tem uma grande capacidade instalada e terminais de excelente qualidade. “Esses ativos, construídos com dinheiro privado, podem representar boas oportunidades de negócios.”
Além das ofertas de Tesc e da Wilson Sons, há ainda o terminal da Libra, no Rio, cuja venda faz parte do plano de recuperação judicial da empresa para reduzir a dívida. O empreendimento está sendo avaliado pelos mesmos grupos de olho nos ativos da Wilson Sons.
Outro que busca sócios é o projeto Porto Pontal Paraná, que vai movimentar contêineres e exigirá investimentos de cerca de R$ 1,5 bilhão. Os executivos responsáveis pelo terminal não quiseram falar sobre as negociações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.