Projeções iniciais para o mercado interno de veículos em 2023 são positivas para automóveis e comerciais leves. No primeiro dia do Congresso Autodata Perspectivas 2023 (24 a 28 de outubro), o presidente da Anfavea, Márcio Leite, previu crescimento mínimo de 5% com base no desempenho muito fraco do primeiro trimestre deste ano que não deve se repetir em 2023. Essa previsão parte da premissa que o desabastecimento mundial de chips seja paulatinamente resolvido ao longo do próximo ano. Se isso ocorrer, as vendas podem crescer até 10% sobre 2022.
Leite afirmou que o aumento dos preços deslocou a demanda de carros novos para o mercado de usados e de motocicletas. “Considero um desafio trazer este consumidor de volta e a solução é uma mobilidade a custo mais baixo”, reconheceu. A interpretação plausível: haverá muitas promoções ao longo de 2023 e o tíquete médio de venda deverá ficará menor do que as tabelas de preço sugerem. É uma forma indireta de baixar os preços.
Nessa mesma linha seguiu Mauro Correia, presidente da Caoa, que previu crescimento do mercado entre 5% e 10%. A empresa produzirá um novo modelo da Hyundai na fábrica de Anápolis (GO) no próximo ano, certamente mais um SUV.
Pablo Di Si, ex-CEO da VW América Latina e agora na mesma posição na América do Norte, reafirmou que cada região tem que se adaptar à sua realidade rumo à eletrificação da mobilidade. Nos EUA há subsídios estaduais e federal de até US$ 15.000 e os carros elétricos ocupam 6% do mercado. Para o Brasil ele vê um híbrido flex a etanol mais plausível, quando se calculam emissões de CO2 do poço à roda, sem requerer megainvestimentos. Di Si observou que é possível colocar os grandes recursos atuais de digitalização também nos híbridos. Neste ponto o País tem que avançar e a engenharia brasileira está capacitada para isso.
A GWM confirmou a importação do SUV H6 com atualizações de estilo e suspensões recalibradas que serão apresentadas ainda este ano e vendas em 2023. Trata-se de um híbrido plugável de porte do Toyota SW4 e pode alcançar até 200 km no modo elétrico. Oswaldo Ramos, diretor comercial, adiantou que o motor flex etanol/gasolina deve estar disponível em 2024, quando se iniciará a produção em Iracemápolis (SP) de uma picape média e depois um SUV. A estratégia é cobrir o mercado com entregas e retiradas para manutenção de veículos em qualquer município brasileiro, além das 133 concessionárias. A empresa estimulará comercialização por assinaturas.
Motor 1,5 turbo flex vai muito bem no HR-V
A Honda estabeleceu uma estratégia de atender a dois públicos no disputado mercado de SUVs compactos. Primeiramente, em julho, com motor aspirado de 1,5 L (EX e EXL) e agora a versão turbo flex (Advance e Touring). Ambos têm a mesma cilindrada e o mais potente passa a ser montado no Brasil.
Há algumas diferenças externas nas duas versões mais caras do HR-V (R$ 176.680 e R$ 184.500, respectivamente). Grade dianteira em formato de colmeia, rodas de liga leve de aro 17 pol. e desenho exclusivo, retoques nos para-choques dianteiro e traseiro e ponteiras de escapamento individuais (uma em cada lado), o que fez o porta-malas perder 39 litros de volume (agora, 354 litros).
No interior o banco do motorista tem regulagens elétricas (só na Touring) e o volante recebeu aplique preto brilhante no raio central. A Honda estreia seu aplicativo de conectividade para telefone celular agora recarregável por indução e 15 funções como cerca geográfica, partida remota do motor, ligar o ar-condicionado a distância, notificação de colisão e encontrar o carro, entre outras. A versão mais cara inclui agora sensor dianteiro de estacionamento, ausente nas outras três.
O motor 1,5 L turbo entrega 177 cv e 24,5 kgf.m com etanol ou gasolina, enquanto em outras fabricantes potência e torque são maiores ao abastecer com o combustível de origem vegetal. Consumo no parâmetro PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular): cidade 8,8/12,7 km/l (E/G) e na estrada, de 9,8/13,9 km/l (E/G). São bons números.
Embora exista uma diferença de R$ 42.000 entre a versão de entrada e a de topo, o HR-V Touring mostra desempenho realmente bem melhor. Suspensões ficaram mais firmes. O SUV arranca vigorosamente em especial quando se seleciona o modo Sport que atua na programação do câmbio automático CVT de sete marchas. Relação peso-potência de 8 kg/cv permite estimar a aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 9 s (a fabricante não informa esse dado). A direção tem respostas melhores no modo Sport.
Nesta primeira avaliação, pelas bem pavimentadas estradas de Santa Catarina, as ultrapassagens foram feitas com previsibilidade e segurança. Já no modo Econ, que há apenas no motor turbo, o computador de bordo indicou 13,5 km/l de gasolina, adequado ao ritmo imposto na viagem.
Pacote de segurança ativa nos Caoa Chery
Cada fabricante escolhe um nome – no caso da Caoa Chery, Max Drive. Mais uma demonstração de que os modelos produzidos no Brasil têm avançado em segurança ativa para evitar ou mitigar acidentes. Marcas de origem chinesa não ficaram para trás e ainda oferecem preços competitivos.
O Tiggo 7 Pro (cinco lugares) e o Tiggo 8 (sete lugares) chegam ao mercado por R$ 199.990,00 e R$ 214.990,00, respectivamente. SUVs são sempre mais pesados, o que aumenta os riscos pessoais e materiais em terceiros nas colisões contra veículos de menor porte. O pacote Max Drive inclui no primeiro modelo 14 itens entre alertas, frenagem automática de emergência e assistências ao motorista (desde comutação automática dos faróis aos controles de velocidade de cruzeiro). No Tiggo 8 são 12 itens: não são oferecidos alertas de abertura de porta e de colisão traseira.