Num mês de resultados comprometidos pelo agravamento da pandemia, as vendas de veículos no País caíram 7,5% em abril na comparação com março, segundo balanço divulgado nesta terça-feira, 4, pela Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de automóveis. No total, foram vendidos 175,1 mil veículos no mês passado, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
O número reflete o impacto da segunda onda da covid-19, cujas medidas de enfrentamento incluíram o fechamento de revendas durante semanas de março e abril, seguido por reabertura com horário de atendimento restrito, em mercados importantes – incluindo o maior deles, São Paulo.
Ainda assim, o volume foi mais de três vezes maior (alta de 214%) se comparado ao desempenho de abril de 2020, quando o primeiro choque da pandemia derrubou o mercado a um volume inferior a 56 mil unidades. Na época, houve fechamento das concessionárias, acompanhado pela paralisação de todas as montadoras, durante todo o mês.
De lá para cá, a digitalização de processos na venda de veículos, incluindo o licenciamento eletrônico dos automóveis, e soluções de atendimento fora das concessionárias, como a realização de test-drive no endereço de residência do cliente, ajudaram a atenuar os efeitos de medidas restritivas e distanciamento social.
"Devemos considerar que abril do ano passado foi o pior momento da pandemia (…) Muitas concessionárias estavam com seus showrooms fechados, por decretos estaduais e municipais, e as redes de concessionárias estavam se adaptando às vendas não presenciais, que hoje ocorrem com mais normalidade", comentou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.
Diante da base fraca de comparação, o setor agora mostra desempenho positivo no acumulado do ano, com crescimento de 14,6% das vendas nos quatro primeiros meses de 2021 frente a igual período de 2020.
De janeiro a abril, 703 mil veículos foram licenciados no País, com liderança da Fiat, responsável por 21% deste total. Na sequência, aparecem Volkswagen (17,2%), General Motors (14,5%) e Hyundai (9,3%).
Limitações de oferta também comprometem os resultados do setor, sendo que, na divulgação do balanço de abril, a Fenabrave apontou estoques abaixo do normal nas concessionárias. Além da irregularidade no abastecimento de peças, principalmente componentes eletrônicos, nas linhas de produção, a maioria das montadoras do País suspendeu atividades entre o fim de março e começo de abril em razão do risco de contaminação. Na sequência, por falta de componentes, a Fiat parou o segundo turno da fábrica de Betim (MG) por dez dias.
"Acreditamos que se a produção de veículos for regularizada e houver avanço na vacinação contra a covid-19, a economia também irá reagir melhor e, com ela, os índices de confiança, empregos, renda e, consequentemente, os resultados do nosso setor", afirmou o presidente da Fenabrave.
<b>Motos</b>
As vendas de motos novas no Brasil mostraram no mês passado alta de 52% frente a março, chegando a 94,7 mil unidades. O resultado é atribuído ao represamento de vendas nos meses anteriores.
Faltavam modelos nas lojas em razão de limitações de produção associadas ao colapso do sistema de saúde de Manaus, cujo polo industrial abriga as montadoras de motocicletas. Com a melhora da produção, a lista de espera pôde ser em boa parte atendida no mês passado.
"O mercado de motocicletas continua aquecido e, em abril, houve uma boa regularização na produção, o que permitiu atender à parte da demanda reprimida do segmento", disse Alarico Assumpção Júnior. Ele acrescentou, porém, que problemas de abastecimento de peças e componentes, levando a interrupções de produção, ainda limitam a oferta no segmento.
Em relação a abril de 2020, houve crescimento de 235% nas vendas de motos, o que levou para 300,2 mil unidades, alta de 9,1%, o total comercializado nos quatro primeiros meses do ano passado.
Líder com folga desse mercado, a Honda respondeu por 73,9% das vendas registradas entre janeiro e abril, seguida pela Yamaha (19,5%).