O mercado de trabalho fragilizado com fraco crescimento de renda provocou uma queda nas vendas do varejo em fevereiro, antes mesmo dos efeitos da pandemia da covid-19 sobre a atividade no Brasil. Segundo levantamento da Boa Vista, o segmento que mais sofreu foi o que, naturalmente, exige desembolsos maiores do consumidor, que é o de Móveis e Eletrodomésticos. A queda foi de 3,8% na comparação mensal, já descontados os efeitos sazonais.
O segmento deu a maior contribuição para o Indicador de Movimento do Comércio, que acompanha as vendas em todo o Brasil, registrar um recuo de 1,5% em fevereiro na comparação mensal dessazonalizada. Em 12 meses, o indicador subiu 1,3%. Já em relação a igual mês de 2019, o varejo apontou crescimento de 0,8%.
Já a atividade Supermercados, Alimentos e Bebidas ficou estável (0,0%) em fevereiro na série dessazonalizada. Na série sem ajuste, a variação acumulada em 12 meses foi de 1,7% em relação ao ano anterior. O segmento Tecidos, Vestuários e Calçados cresceu 0,2% no mês e, em 12 meses, 7%. E o grupo Combustíveis e Lubrificantes apresentou alta de 0,4% em fevereiro mas, em 12 meses, teve queda de -0,1%.
"Nota-se que as concessões de crédito com recursos livres aos consumidores mantiveram um bom ritmo de crescimento nos últimos meses, o que, somado ao nível controlado de preços e ao resgate dos recursos do FGTS no fim do ano passado, parecem ter suportado o crescimento interanual do movimento do comércio até o momento", diz nota da Boa Vista.
Para os próximos meses, a perspectiva é negativa. "Dadas as adversidades provocadas pela pandemia do novo coronavírus, pode-se esperar uma piora no emprego e no nível de consumo em 2020", preveem os analistas das Boa Vista. "O cenário aponta para uma provável desaceleração da atividade econômica e do movimento do comércio nos próximos meses."