Um homem de 22 anos que vendia balas em frente à estação das barcas no centro de Niterói (Região Metropolitana do Rio), foi morto à bala por volta do meio-dia desta segunda-feira, 14. O acusado do crime é um policial militar que estava de folga, à paisana, e, segundo algumas pessoas, se envolveu em uma discussão com a vítima, antes de sacar um revólver e assassiná-la.
Testemunhas relataram que Hiago Macedo de Oliveira Bastos ofereceu balas a um rapaz que estava na fila para ingressar na plataforma. Esse homem acusou Bastos de se aproximar dos supostos clientes com a intenção de furtar celulares. Houve uma discussão, presenciada por Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, policial militar do 7º Batalhão da PM (São Gonçalo).
O PM estava de folga, mas armado, e interveio. A discussão passou a ser entre Bastos e o policial. O agente, segundo testemunhas, sacou a arma e atirou contra o peito do vendedor, que morreu no local. Em nota, porém, a Secretaria estadual de Polícia Militar deu outra versão. De acordo com o texto, o PM presenciou uma tentativa de roubo e interveio.
"Um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por disparo de arma de fogo. O ferido não resistiu".
Conduzido à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, que investiga o caso, o PM não quis falar dar entrevistas. Disse que precisaria de autorização de seu chefe na PM, o comandante do 7º Batalhão. Segundo a TV Globo, ele foi preso e será indiciado por homicídio doloso (intencional). A Secretaria de Polícia Civil não confirmou a prisão nem o indiciamento. Informou apenas que o caso está sendo investigado.
<b>Festa de aniversário</b>
Testemunhas do incidente e familiares de Bastos negam que ele tenha tentado assaltar alguém. O baleiro era casado e tem uma filha que vai completar dois anos na próxima sexta-feira, 18. Com o dinheiro da venda das balas, segundo a família, ele pretendia fazer uma festa para a criança.
"A gente estava planejando a festinha da neném, já tínhamos pago o salão. Hoje ele saiu para trabalhar e não cometeu crime nenhum. Ele estava com uma caixa de doce na mão. Eu não sabia que vender bala hoje era um crime. Ele estava trabalhando. A minha filha vai fazer dois anos e sem pai", afirmou a mulher de Bastos, Thais Conceição de Oliveira Santos.
Bastos tinha mais de dez passagens pela polícia, por tentativa de homicídio e outros crimes. Mas não estava em dívida com a Justiça. Testemunhas relataram que ele vendia balas em frente à estação das barcas havia cerca de dois anos.
Logo após o assassinato, houve um tumulto na Praça Araribóia, onde fica a estação. Pessoas que estavam no local tentaram fechar o trânsito. Foram impedidas por guardas municipais e PMs, que chegaram a usar bombas de gás. Quatro pessoas foram detidas nessa confusão.