A Venezuela realizou um pagamento de US$ 1,5 bilhão a seus credores internacionais nesta sexta-feira, no momento em que o país com dificuldades de caixa reúne fundos para evitar um default. Os preços do bônus em questão, emitido pelo país há uma década, subiram para o valor de face nesta sexta-feira, segundo operadores, o que sugere que o governo realizou os pagamentos por meio de uma agência de compensação.
O governo ainda não fez o anúncio oficial sobre o pagamento do bônus.
Ainda que o pagamento não tenha sido uma surpresa para analistas e investidores, o pagamento mostra novamente a disposição do governo em continuar a rolar os US$ 120 bilhões de dívida externa, temendo que um default possa levar o país a perder o controle da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). A companhia provê quase toda a moeda estrangeira que a Venezuela necessita para importar tudo, de leite a partes de máquinas.
“É encorajador para os detentores dos bônus que eles estejam dispostos a pagar, mas há realmente uma dúvida sobre a capacidade deles para isso”, afirmou Siobhan Morden, diretor-gerente da Nomura Securities International.
O país latino-americano é um dos mais atingidos pela queda nos preços do petróleo, graças ao peso excessivo de suas exportações de energia. A nação também se viu isolada por suas políticas econômicas, que incluem a nacionalização da maioria das indústrias e da dependência de importações para itens de necessidade do dia a dia. Como a receita com petróleo caiu muito, a dívida venezuelana avançou muito, em relação a uma economia em contração.
Até agora, o país tem queimado reservas do banco central e reduzido fortemente as importações, enquanto luta para pagar os detentores dos bônus. As reservas recuaram ao nível mais baixo em 13 anos na última sexta-feira, para US$ 14,56 bilhões, com um recuo de US$ 1,8 bilhão apenas desde o início deste ano.
Em janeiro, a quantidade de dólares aprovada para importações foi de US$ 106 milhões, uma queda de 7% na comparação com janeiro do ano passado, segundo dados do governo obtidos pelo Wall Street Journal.
Também no mês passado, o país enviou o equivalente a US$ 1,3 bilhão em barras de ouro para a Suíça, segundo dados da Administração Alfandegária Federal da Suíça, em uma aparente tentativa de cumprir o pagamento de fevereiro. Mesmo com o pagamento desta sexta-feira, o temor de default permanece. Analistas e investidores mostram-se céticos sobre se o país teria dinheiro suficiente para lidar com a situação. “Apenas pagar sua dívida não é uma estratégia sustentável”, afirmou Morden. Fonte: Dow Jones Newswires.