O governo da Venezuela será o primeiro país a lançar sua própria versão da bitcoin, o petro, num movimento que tem como objetivo impulsionar o crédito da combalida economia do país vizinho e trazer de volta a estabilidade financeira.
O presidente Nicolas Maduro anunciou no ano passado que criaria uma moeda digital para contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos, que impedem os venezuelanos de emitir mais dívida. Mas Washington já tenta atrapalhar os planos de Maduro, alertando seus cidadãos e companhias que, ao comprar os petros, podem estar violando as sanções.
No total, a Venezuela planeja emitir 100 milhões de unidades da moeda, começando com uma pré-venda de 38,4 milhões nesta terça-feira, tendo como preço de referência o valor do barril de petróleo, ou cerca de US$ 60.
Maduro também vendeu o petro como a realização de um sonho de seu antecessor, Hugo Chavez, de livrar o capitalismo global da dominância do dólar americano e de Wall Street.
“O petro será um instrumento para a estabilidade da economia e independência financeira, junto com uma visão ambiciosa e global para a criação de um sistema financeiro internacional mais livre, equilibrado e mais justo”, disse o governo venezuelano em um comunicado explicando seus planos.
Mas críticos observam que, por ora, as vendas do Petro serão realizadas apenas em dólares, num sinal do quanto o valor da moeda física venezuelana, o bolívar, despencou sob uma inflação de quatro dígitos.
Alguns entusiastas da bitcoin também questionam o conceito da Venezuela, ou de qualquer governo, em promover uma moeda digital quando tais instrumentos foram criados justamente para controlar o controle do Estado na economia.
A bitcoin e outras moedas digitais já são amplamente usadas na Venezuela como uma proteção contra a hiperinflação, além de ser um mecanismo fácil de usar para o pagamento de consultas médicas e pacotes turísticos no país, num mercado onde a obtenção de grandes volumes de dinheiro requer transações no mercado negro. Além disso, o fato de a Venezuela ter uma das menores taxas de energia do mundo ameniza os custos de mineração da bitcoin em suas redes de computadores. (Matheus Maderal, com informações da Associated Press – [email protected])