A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal decidiu não instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CPI) para investigar suposto crime de improbidade administrativa por parte da vereadora Otávia Tenório (PRP). A comissão decidiu pelo sobrestamento do procedimento, ou seja, só discutirá a questão após a Justiça emitir parecer sobre o caso. A audiência na 4a Vara Criminal de Guarulhos está marcada para 12 de março de 2012.
O Ministério Público do Estado (MPE) de São Paulo acusa Otávia de ter contratado a própria empregada doméstica, Ana Cristina Soares da Silva, como oficial de gabinete entre janeiro de 2005 e fevereiro de 2007. O salário da servidora era de cerca de R$ 3 mil. Contudo, segundo a denúncia, Ana Cristina jamais teria atuado no Legislativo, nem recebido os vencimentos. O MPE afirma que a verba ficaria na totalidade com a parlamentar.
A orientação do MPE é que a Câmara Municipal instaurasse um pedido de cassação de Otávia, mas os vereadores preferiram não acatar a denúncia. Na reunião do dia 26 de abril, que decidiu pelo sobrestamento do processo, estavam presentes os vereadores Alan Neto (PSC), Ricardo Rui (PPS), Edmílson Souza (PT), Gileno (PSL), Romildo Santos (PSDB), Silvana Mesquita (PV) e Wagner Freitas (PR).
Segundo Alan Neto, presidente da Comissão de Ética, os vereadores não poderiam investigar Otávia enquanto não for definido o que acontecerá no campo judicial. "A Câmara cassou o ex-prefeito Néfi Tales e a Justiça o absolveu anos depois. Não podemos tomar o mesmo erro", diz. Ele afirma que a Câmara pode retomar o procedimento se a Justiça considerar que a vereadora cometeu algum crime.
O advogado Álvaro Bernardino, que representa Otávia, afirma que a decisão da comissão foi correta. Ele afirma que Ana Cristina foi empregada doméstica da filha de Otávia, mas deixou a função para ser assessora da vereadora. Bernardino nega que Ana Cristina tenha mantido os dois cargos simultaneamente e que Otávia tenha ficado com os salários da funcionária.