Uma fresta de normalidade em plena pandemia. Assim foi esse incomum domingo de inverno na cidade de São Paulo, com os termômetros de rua marcando 26 graus. Até o início da tarde, famílias aproveitaram para respirar fora da caixa e espairecer. Apesar de a maioria seguir regras de distanciamento e respeitar o uso de máscara, flagrantes de desleixo e "esquecimento" repetiram-se ao longo do dia.
Mesmo com uma média móvel de mais de 1.700 mortes diárias, o verão fora de época foi o impulso que muitos sentiram para abandonar o isolamento. Por volta do meio-dia, uma fila de carros formava-se na entrada do Parque do Ibirapuera. Os motoristas levavam cerca de 20 minutos para conseguir chegar ao portão de entrada. No local, eram avisados que as 1.080 vagas já estavam ocupadas.
Dentro do parque, a sensação (e aparência) era de um país sem pandemia. Corredores, ciclistas e muitos grupos de amigos reunidos ao redor de toalhas e cestos de piquenique se espalharam pelo Ibirapuera. Embora a máscara sempre estivesse por perto, ela nem sempre esteve no lugar certo. Ou seja, no rosto, cobrindo nariz e boca. A reportagem encontrou, inclusive, máscaras abandonadas no chão.
No parque, por exemplo, aconteciam vários "aperitivos de normalidade". Entre esses happenings, uma improvável despedida de solteira – a bancária Priscila Peixoto, 36 anos, e as madrinhas de casamento tiraram o dia para respirar. "Eu já tive que adiar meu casamento por três vezes durante a pandemia. Mas, agora, vai", contou a noiva. Priscila e as madrinhas afirmaram se sentir suficientemente seguras para celebrar ao ar livre.
O mesmo sentimento percorria o piquenique das amigas de Juliana dos Santos, 28 anos; e a festinha de aniversário de Nicolas, 8 anos. No piquenique das amigas, Juliana explicou: "A gente não se via há mais de um ano. Nossos pais já estão vacinados. Por isso, consideramos essa reunião aqui no parque", falou Juliana. Já no aniversário, foi a mãe de Nicolas quem se manifestou. "Em um local aberto nos sentimos mais seguros. É importante também tirar as crianças um pouco de casa", disse Cristina Silva, 39 anos.
O movimento no Minhocão também foi intenso. Por lá, pouca gente vacilava em relação ao uso de máscara. Tomar sol, andar de bicicleta, correr e brincar com os cachorros estavam entre as principais atividades do dia. Com seu cavaquinho, o músico Jefferson Dias, 39 anos, brincava de Tom Jobim ao executar Wave , transformando o Minhocão no calçadão de Ipanema. "Não estava me sentindo bem ensaiando em casa, trancado. Aqui, sou acompanhado pelo som dos pássaros. Espero que, com a vacinação, dias como esse se repitam", disse.
Ainda no Minhocão, as amigas Flávia, Ana Carolina e Mariana aproveitavam para tirar selfies e respirar. "Não posso dizer que estou me sentindo 100% segura, mas acho que ao ar livre a situação melhora. Tomando todos os cuidados. É muito importante sair um pouco de casa", falou a economista Flávia Poças.
Na Praça Roosevelt, um mural feito com 3 mil latas de alumínio celebra o orgulho LGBTQIA+. Por lá, famílias se reuniam para tirar fotos ao lado da obra. O lojista Fábio Forrest Silva, 42 anos, e a filha Haika, 9, eram a dupla mais animada. "Eu não parei na pandemia, mas sempre tomei todos os cuidados possíveis. Poder sair um pouco com a minha filha em um domingo de sol é muito importante", falou Silva.
Já no Vale do Anhangabaú, o cenário era dominado por skatistas e suas manobras radicais. Infelizmente, nem todos demonstraram o mesmo "radicalismo" na hora de usar máscaras. A dupla formada pelo empresário Luiz Rossi, 38 anos, e Arthur, 13, ambos de máscara, era um bom exemplo no Centro da cidade. "Praticar esportes é muito importante. É saúde. A gente tem que tomar cuidado, mas não pode deixar de se exercitar", falou.
De acordo com o Climatempo, a temperatura deve permanecer alta nesta segunda-feira de inverno, variando entre 14º e 24º. Já na terça, o céu fica nublado e existe possibilidade de garoa à noite (a temperatura deve ficar entre 12º e 17º). Na quarta e quinta-feira, as mínimas serão de 9º e 7º, respectivamente .