Nem sempre indústria, concessionárias e governo podem se encontrar em público e dar “recados” mútuos. A oportunidade surgiu
Nos discursos houve de tudo, de críticas pouco sutis a deslumbramento. O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, pela primeira vez admitiu que o mercado interno pode superar 3,4 milhões de unidades (de todos os tipos) ainda este ano e chegar a 6 milhões em médio prazo.
Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi mais longe: prevê vendas de 6,8 milhões de veículos em 2025.
Jorge reconheceu que a carga fiscal sobre automóveis atrapalha a expansão, o que soa como música não só para quem produz e vende, mas principalmente os compradores que pagam a totalidade dessa conta.
Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, sugeriu que impostos sejam desagregados nas tabelas de preço dos veículos a fim de que todos avaliem a diferença. Haverá coragem para tanto?
Os congressos passam e as tabelas ficam. Reze destacou o excesso de feirões, ofertas e promoções, o que estaria aniquilando a rentabilidade das concessionárias e pediu mudanças aos fabricantes.
Isso, de fato, não é boa notícia, pois os clientes já compreenderam o jogo e com certeza desejam que continue assim: mais concorrência, preços menores.
Na conferência magna, Sergio Marchionne, principal executivo da aliança Fiat-Chrysler, voltou a criticar o modelo de negócio mundial da indústria automobilística. Mas suas generalizações parecem exageradas. Confirmou para breve novos aportes no Brasil e a volta da Alfa Romeo ao País em 2012.
E acrescentou: “Continuaremos a investir na expansão da gama de produtos e, nos próximos anos, isso irá alavancar os resultados de nossa colaboração com a Chrysler”. Ou seja, não acenou (dessa vez) se a marca americana está nos planos de produção no Brasil ou na Argentina.
Jornalista da Automotive News Europe, Luca Ciferri, em exposição a distância, defendeu que países como China, Brasil, Índia e Rússia devam ser reconhecidos além de simples emergentes, pois puxam o mercado global. Porém, precisariam adotar regulamentações de segurança e emissões de poluentes mais rigorosas, aproveitando o patamar elevado de escala produtiva.
Outro ponto interessante surgiu na palestra de Ricardo Costin, do Grupo BVL, de Belo Horizonte. Com experiência nos dois lados do balcão – antes na indústria, agora na rede de distribuição – colocou paradigmas que precisariam ser repensados em ambos os setores.
Um deles a impossibilidade por legislação, nos dias de hoje, de haver preços diferenciados por volumes de vendas entre as concessionárias. No futuro, isso poderia ser revisto pois contraria o livre mercado e a concorrência. Trata-se de mais um vespeiro que poucos querem cutucar.
RODA VIVA
AGOSTO foi o segundo melhor mês em vendas da série histórica – 313.000 unidades – e as exportações continuaram reagindo em função do comércio com a Argentina, principal cliente do Brasil. Ritmo das importações, no entanto, permanece muito forte. Incluindo produtos mexicanos e argentinos (sem imposto de importação), respondem por 18% do mercado total.
CONFORME antecipado pela coluna, a Fiat substituiu o motor do Linea, de
CITROËN Aircross destaca-se por seu generoso espaço interno, posição de dirigir e visibilidade frontal e lateral. Boa vedação das portas e o para-brisa acústico ajudam no silêncio a bordo, apesar das suspensões algo ruidosas. O painel é menos ousado que o da versão francesa, mas o desenho do volante compensa. Quem viaja atrás encontra o conveniente assoalho plano.
CRIANÇAS podem viajar no banco dianteiro, com a respectiva proteção (berço, cadeirinha ou assento de elevação), em carros mais antigos que dispõem apenas de cintos de segurança de dois pontos no banco traseiro. Escala de idade permanece: até um ano, de um ano a quatro e de quatro a sete anos e meio. Denatran dispensou certidão de nascimento.
PETIÇÃO moção de apoio ao Museu do Automóvel de Brasília pode ser feita pela internet. Basta clicar no link http://tinyurl.com/27uynsj. O museu existe há seis anos e está ameaçado de fechar porque o imóvel cedido está sendo pedido pela Secretaria de Patrimônio da União. Provavelmente para guardar papéis, digitalizáveis.
Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967 ([email protected])