A viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Johanesburgo para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião dos Brics preocupa integrantes da equipe econômica. A avaliação é a de que o comandante da economia deveria permanecer no Brasil neste momento de mais tensão com o Legislativo.
A fonte comentou que o arcabouço fiscal está prestes a ser votado, mas pode demandar ainda alguma sinalização do Executivo. E que nem Lula e nem Haddad estarão no País se a área política continuar "esticando a corda". Além disso, as sinalizações do Congresso em relação à taxação de alguns investimentos, como aplicações offshore, subiu no telhado. Para finalizar, o ambiente não é dos melhores com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que está prestes a receber interlocutores do governo em sua residência oficial para ajustar pontos das próximas votações após uma rusga protagonizada justamente por Haddad. O ministro teceu comentários sobre o empoderamento do Legislativo, desagradando a parlamentares e à cúpula das duas Casas, em especial Lira.
"O ideal seria que ele estivesse por aqui, para dar o arremate pelo menos à questão do arcabouço", considerou uma fonte. A expectativa era a de que o ministro apenas optasse por sair para o exterior para participar do encontro financeiro das 20 maiores economias do mundo (G20), que ocorrerá em Nova Delhi, na Índia. "Esta viagem de agora nos pegou de surpresa. Havia a chance de ele ir, mas era pequena. A saída para o G20 estava no preço e não preocupava tanto porque acreditávamos que até lá as coisas já estariam encaminhadas", acrescentou.
Haddad tem sido o acompanhante preferido de Lula nas viagens internacionais mesmo antes da posse, em 1º de janeiro. Ele esteve em encontros com o governo de Portugal e também na COP27, do Egito, ainda no ano passado. Cotado como possível sucessor de Lula para 2026, o ministro tem sido apresentado às altas cúpulas dos governos pelo seu padrinho. Os dois se deslocam juntos para a África do Sul neste domingo.
"Mas será que é a hora de o ministro viajar?", questionou a fonte. Em março, o <i>Broadcast</i> sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado)registrou que a previsão era justamente a de o ministro se deslocar para o exterior cerca de uma vez ao mês este ano. Só não havia, na ocasião, previsões para setembro (mas agora ele deve ir ao G20) e em dezembro.