Estadão

Vice-presidente de Tecnologia da Caixa deixa cargo após denúncias de assédio

A Caixa Econômica Federal comunicou, na segunda-feira, 17, a renúncia do vice-presidente de Tecnologia e Digital, Cláudio Salituro. Recentemente, vídeos em que ele estaria constrangendo servidores do banco vieram à tona. Salituro é o quarto vice-presidente a deixar o cargo desde que o então presidente Pedro Guimarães foi alvo de denúncias de assédio sexual, em junho passado.

No comunicado, a Caixa disse que acatou o pedido de renúncia formalizado por Salituro, que alegou questões pessoais.

"A Caixa Econômica Federal comunica à sociedade brasileira, aos seus clientes e empregados, e ao mercado em geral que o Conselho de Administração acatou, nesta data, o pedido de renúncia, por questões pessoais, do Sr. Cláudio Salituro ao cargo de vice-presidente de Tecnologia e Digital", escreveu o banco. "A Caixa agradece pelas relevantes contribuições, profissionalismo e dedicação, desejando-lhe sucesso nos novos desafios", acrescentou. O nome do substituto não foi comunicado pela Caixa.

Cláudio Salituro tomou posse como vice-presidente de Tecnologia e Digital em fevereiro de 2019. Em julho deste ano, o blog do jornalista Ricardo Noblat, no site <i>Metrópoles</i>, divulgou vídeos em que o vice-presidente aparece filmando e constrangendo servidores da Caixa.

Nas imagens, Salituro utiliza palavrões e profere xingamentos contra os funcionários e terceirizados da empresa. Na época, a Caixa chegou a afirmar que "todas as informações seriam encaminhadas para análise da Corregedoria do banco, bem como pela empresa independente a ser contratada pela nova gestão".

O banco, que hoje é comandado por Daniella Marques, conta com 12 vice-presidências, divididas por áreas de atuação. Desde que o então presidente Pedro Guimarães deixou o cargo após funcionárias o denunciarem por assédio sexual, quatro vice-presidentes foram trocados, incluindo Salituro: o vice-presidente de Negócios de Atacado, Celso Leonardo Barbosa, muito próximo a Guimarães e também citado em denúncias; o vice-presidente de Logística, Antônio Carlos Ferreira, também citado em denúncias de funcionários; e a vice-presidente da Rede de Varejo, Camila de Freitas Aichinger.

Mais recentemente, a Caixa também informou que o Conselho de Administração do banco resolveu destituir o vice-presidente de Riscos da instituição, Messias dos Santos Esteves, que atuava como cargo de confiança. Ele foi demitido "<i>ad nutum</i>", isto é, sem aviso prévio, já que não era funcionário público estável, diferente dos demais citados.

<b>Denúncias de assédio na Caixa</b>

Em junho deste ano, funcionárias denunciaram por assédio sexual o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Cinco servidores relataram abordagens inapropriadas do gestor do banco, que, segundo as vítimas, iam desde convites para entrar em seu quarto durante viagens a trabalho, até insinuações e toques em suas partes íntimas.

A revelação das denúncias foi feita pelo portal <i>Metrópoles</i>, e confirmadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Guimarães, que atuava no cargo desde o início do governo de Jair Bolsonaro, negou as acusações. Ele deixou a presidência do banco logo após as denúncias.

Um dia depois, áudios gravados durante reuniões na Caixa Econômica Federal mostraram o ex-presidente do banco ofendendo e ameaçando funcionários, completando a série de denúncias contra ele. "Sabe qual é a vontade? Porra, eu acho que quem está torcendo para o Lula, vocês se foderem. Voltar a Caixa a ser estuprada por aqueles ladrões, e vocês se foderem", mostra um dos áudios. A gravação seria do fim do ano passado e o ex-presidente falava para executivos da Caixa diante de uma decisão que havia sido tomada pelo conselho do banco sem que ele tivesse sido informado.

O Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Tribunal de Contas da União abriram investigações sobre os casos.

Desde a saída de Guimarães, a Caixa passou a ser comandada por Daniella Marques, que atuou como assessora de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na época de sua posse, a nova presidente disse que o banco apuraria com rigor as denúncias de assédio sexual feitas contra antigos dirigentes e que as punições necessárias seriam levadas a cabo.

A executiva disse também que decidiu afastar pessoas envolvidas nas investigações, para proteger a imagem da Caixa.

Posso ajudar?