O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que a inflação deve desacelerar a partir dos dois primeiros trimestres de 2023, após permanecer em torno de 10% nos próximos meses. No entanto, ele projeta que os preços continuam em níveis ainda elevados mesmo após moderarem, e por isso a política monetária seguirá fundamental.
"Faremos todo o necessário para que efetivamente a inflação acabe convergindo para 2%, de forma simétrica e a médio prazo, que é nosso objetivo final", disse Guindos, em painel durante evento do jornal espanhol <i>Expansión</i>.
O dirigente alertou que a desaceleração da economia por si só não será suficiente para que a inflação atinja a meta do BCE.
Segundo Guindos, há possibilidade de que a zona do euro entre em recessão técnica em breve. A piora da situação econômica – junto com o aperto monetário – provocou uma "deterioração importante da estabilidade financeira" no bloco, alertou.
Dois fatores ainda podem auxiliar o BCE em sua missão de reduzir a inflação. Primeiro e mais certo, a redução do balanço de ativos da entidade, que "ajudará a reduzir o excesso de liquidez nos mercados". As discussões sobre o tema começarão na reunião monetária de dezembro do BCE, como já antecipou a entidade.
Segundo, Guindos lembrou que a política fiscal de governos europeus não pode operar em "conflito" com as decisões monetárias do BCE. O suporte fiscal em meio à crise econômica atual deve ser "dirigido, sustentável e com foco em sustentar a renda da população", aconselhou.