Pode ser mera coincidência, mas a Warner argentina é parceira de dois grandes êxitos do cinema de lá, e ambos são interpretados por Leonardo Sbaraglia. Ele interpreta o episódio dos motoristas que se disputam na estrada em Relatos Selvagens e o paralítico de No Fim do Túnel. “Meu filme está indo muito bem, no país e fora, mas não se compara a Relatos, que virou um fenômeno nacional e internacional”, diz Rodrigo Grande.
O repórter não se furta a observar – muitos espectadores, no Brasil, lamentam que o cinema nacional não tenha o mesmo comprometimento humano e até social do que se pratica na Argentina. São histórias de classe média, quase sempre pequenos dramas humanos. Existem exceções, e é o que o repórter coloca para Rodrigo Grande. Nos últimos anos, os maiores sucessos argentinos são filmes marcados por forte violência, os já citados de Damián Szifrón e Rodrigo Grande, e também O Clã, de Pablo Trapero. São filmes que abordam a criminalidade urbana, e de certa forma espelham a crise econômica e social da Argentina em anos recentes.
“Sempre tivemos violência, muitas vezes ligada aos temas da ditadura”, reflete Rodrigo Grande. “A responsabilidade nunca abandonou a pauta da discussão. Percebo que há uma mudança, mas é coisa recente e não me arrisco a dizer que venha a se constituir ou já seja uma tendência. Está nesses filmes, inclusive no meu. De minha parte, quis colocar um imaginário de cinema na tela, mas com comprometimento humano e político. Não gostaria de ver filmes em que a violência seja puramente bestial. Tem de ter justificativa.”?
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.