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Violência contra animais

São de embrulhar o estômago, capazes de estragar o dia e até mesmo a semana os vídeos e notícias sobre violência praticadas contra animais que circulam na internet e nos telejornais.


O vídeo mostrando a enfermeira de Goiânia matando seu yorkshire; o cachorrinho que passou 12 horas enterrado vivo por seu dono; as notícias da mulher na zona sul  de São Paulo flagrada depois de matar mais de 30 gatos e cachorros com fins ritualísticos e satânicos; a outra que jogou seus  dois cães  pela janela do 10º andar no Guarujá; o jegue queimado com gasolina num subúrbio de Salvador; ou o cão arrastado pela camionete do seu proprietário pelas ruas de Piracicaba. Estes são apenas alguns dos flagrantes oportunamente apresentados pelos meios de comunicação, que nos chocam pela sua perversidade.


O que causa mais preocupação e indignação é sabermos que dezenas de casos semelhantes devem estar acontecendo, pelo Brasil afora, neste exato momento em que você lê esse artigo.


Se por um lado é chocante a divulgação destas notícias ou imagens pela internet, elas também servem para ampliar a conscientização sobre a proteção animal e para o debate em torno de uma legislação penal mais rigorosa contra esse tipo de crimes. A mulher flagrada depois de matar 30 gatos e cães e suspeita de comercializar o sangue dos animais para clínicas veterinárias e seitas, por exemplo, foi liberada sob a alegação da Policia Civil  de que o caso é considerado de “menor potencial ofensivo”.


Os Protetores de Animais do Brasil têm feito um trabalho hercúleo de conscientização, fiscalização, denúncia e divulgação das leis de proteção.  Também as redes sociais na web têm se tornado uma das ferramentas mais importantes nesta guerra contra os maus tratos á animais, dada a sua capacidade de mobilização e comunicação.


No dia 22 de janeiro, manifestações contra maus tratos estarão sendo organizados por todo o Brasil pelos movimentos de proteção animal. Em São Paulo, a manifestação Crueldade Nunca Mais ocorrerá às 10h00 no vão livre do Masp.


O movimento pretende obter mais de 1 milhão de assinaturas numa petição para endurecer as penalidades para crimes contra animais – hoje ainda muito brandas no país. Os manifestantes também vão mostrar seu repúdio ao PL 4548/98, do deputado Carlos Brandão (PSDB-MA), que pretende atenuar ainda mais crimes contra maus tratos aos animais sob o ridículo argumento de “preservação da cultura”.


Como afirmava o filósofo Jeremy Bentham, o que importa não é que os animais são incapazes de pensar, mas sim que são capazes de sofrer. Por isso, o Brasil ainda precisa avançar muito no campo da proteção animal. Somente com maior penalização criminal eliminaremos a possibilidade da impunidade que ainda é regra nestes casos.


 


José Luiz Guimarães


Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna

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