O criador e ex-diretor da Virada Cultural de São Paulo, José Mauro Gnaspini, disse que o evento foi criminalizado e recebeu uma culpa equivocada por transtornos e crimes ocorridos na capital. A alteração no formato da programação foi uma das mudanças anunciadas pelo prefeito João Doria (PSDB) ao ser eleito no ano passado.
O tucano disse que os grandes shows serão retirados das ruas para dar lugar a uma programação distribuída em equipamentos públicos, como teatros, bibliotecas e o Autódromo de Interlagos, na zona sul da cidade. O evento foi criado em 2005, na gestão de José Serra (PSDB).
“A Virada é grande e de certa maneira, incontrolável. Nunca tem uma segurança total de que não vai acontecer nada. O que houve de negativo foi uma certa criminalização do evento imputando a ele todo e qualquer efeito de coisa negativa que ocorria naquela noite”, disse Gnaspini em entrevista à Rádio Estadão.
“A cidade é violenta, um ou outro crime durante a Virada talvez acontecesse no centro no sábado à noite da mesma maneira (se não houvesse o evento)”, afirmou.
Para Gnaspini, a Virada tem a característica de ser anárquica ao ocupar os espaços públicos. “Muito difícil você fazer a festa e querer que a cidade deixe de acontecer do jeito que a cidade é.”
Grafites
Gnaspini, que também coordenou projetos de grafites na Avenida 23 de maio, onde diversas paredes foram pintadas por tinta cinza por determinação do prefeito, defendeu uma política permanente para a arte urbana de São Paulo.
“É natural que o poder público queira organizar a cidade, limpar a cidade, a questão é que precisa fazer isso observando quais são as dinâmicas envolvidas, se aproximar dos agentes e tentar organizar, respeitando a dinâmica do que é a própria rua”, afirmou.
Ele sugeriu que o governo crie um fórum permanente de discussão com grafiteiros nas prefeituras regionais para entender a arte e trabalhar o assunto de forma positiva.