Estadão

Virada: esquema de segurança representou ‘reintegração de posse’ do espaço público

A Virada Cultural no Vale do Anhangabaú conseguiu um feito inédito na madrugada de sábado para domingo: sufocar a ação dos criminosos. O histórico do evento mostra que, nem nos primeiros anos, há quase duas décadas, os registros de furtos e roubos na região foram tão insignificantes.

Os números oficiais devem ser revelados pela Secretaria de Segurança Urbana até o final do dia, mas o que se viu desde o início, às 18h de sábado, foi uma operação policial inteligente, pensada juntamente com a produção artística do evento. Isso nunca ocorreu.

As atrações de maior potencial de concentração de público foram sabiamente escaladas para o início da festa. Glória Groove às 18h, BaianaSystem às 20h30. Isso porque, experiências anteriores apontaram, atrações fortes em plena madrugada funcionam como catalisadoras de violência. É também quando o álcool em níveis maiores começa a romper as correntes dos freios. Assim, ao longo da madrugada o que se notou foi uma escassez de público.

Havia temor pelo que poderia ocorrer no show do BaianaSystem, que trabalha com doses intensas de liberação de energia. Mas, mesmo quando eles tocaram seus hits, a contenção do crime venceu a audácia dos criminosos.

Eles, os bandidos, estavam lá, babando por suas vítimas, como coiotes rodeando presas. A reportagem passou por essa situação. Enquanto o repórter escrevia matérias no celular, dois jovens sentados a alguns metros pensavam em como agir. Se falavam, olhavam para o repórter com expressões ameaçadoras e estudavam formas de se aproximar. Estavam visivelmente incomodados, e até irritados, com a incapacidade de agir. Apesar dos riscos, nem foi preciso mudar de lugar para evitar qualquer roubo. O policiamento era tão presente, com grupos de policiais passando a todo instante e duas torres próximas, que fez os rapazes desistirem.

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