As preocupações com a situação financeira do setor bancário mundial e consequente influência na economia global seguem no foco das atenções, limitando alta das bolsas em Nova York e estimulando queda das bolsas europeias. Pouco antes do fechamento deste texto, apenas o Nasdaq subia, em meio a resultados de empresas do setor. Esse quadro cauteloso externo, os temores em relação ao arcabouço fiscal e os sinais de espalhamento da inflação no Brasil contaminam o Ibovespa, em dia de agenda cheia.
De outro lado, há alguns resultados de empresas do primeiro trimestre que minimizam o recuo do principal indicador da B3, caso de Gol.
Ao mesmo tempo, há a expectativa pelo balanço da Vale, que sai após o fechamento da B3. A despeito de se esperar um desempenho fraco e da queda hoje do minério de ferro em Dalian, de 0,35%, as ações da mineradoras tentam subir, assim como outras do setor.
"Existe expectativa de a Vale não apresente grandes coisas em seu balanço, mas existe certa ansiedade. Ontem, o setor apanhou bastante em meio ao temor de recessão mundial", avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Já o petróleo recua na faixa de 2% no exterior. "Depois do resultado do Santander, divulgado ontem, o mercado parece que vem para a realidade, com as ações de bancos caindo, e Petrobras também não está no seu melhor dia. Esses dois vetores impedem o Ibovespa de ter um otimismo por conta do IPCA-15 de abril, divulgado hoje, semelhante ao visto no começo do mês com o IPCA de março abaixo do esperado", afirma Spiess.
O IPCA-15 subiu 0,57% em abril, após ter avançado 0,69% em março. O resultado ficou abaixo da mediana positiva de 0,61% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast (0,50% a 0,70%). Em 12 meses, a alta foi de 4,16%, ante taxa de 5,36% até março. "O resultado importante para o vértice mais longo da curva de juros, que exibe viés de baixa", diz o analista da Empiricus.
Ainda que o IPCA-15 tenha desacelerado, a difusão avançou, gerando alguma cautela. Cálculos do economista do Banco BV Raphael Rodrigues mostram que o indicador que mede o quanto a alta do IPCA-15 está espalhada atingiu 63,22% este mês, após 61,31% no anterior.
O Índice Bovespa vem de duas baixas seguidas. Ontem, fechou com desvalorização de 0,70%, aos 103.220,09 pontos. "Acompanhou a forte aversão a risco no exterior. Não pode abandonar os 101 mil pontos, sob pena de acelerar as perdas", opina o economista Álvaro Bandeira, em relatório matinal.
"Seguem as preocupações com a desaceleração econômica global. Talvez a China não. A inflação e os juros em alta prolongadamente e até uma recessão técnica em alguns países, caso dos Estados Unidos, preocupam", completa Bandeira.
Além das incertezas com a inflação, seguem as dúvidas quanto à votação do arcabouço fiscal. O Congresso deve instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos de 8 de janeiro e o mercado monitora se esse processo pode atrapalhar o andamento da pauta do governo no governo, em especial do arcabouço fiscal.
Na seara corporativa, a Gol informou lucro líquido de R$ 619,5 milhões no primeiro trimestre de 2023, queda de 76,2% ante os R$ 2,607 bilhões de um ano antes. Em relação à Vale, a média das expectativas no Prévias Broadcast é que apresente queda na receita, no Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e no lucro líquido em seu balanço.
Às 11h30, as ações da Gol passavam a ceder (-0,94%) e as da Vale subiam 1,31%. O Ibovespa caía 0,51%, aos 102.722,88 pontos, perto da mínima diária dos 102.531,97 pontos (-0,67%, após máxima aos 103.667,72 pontos, em alta de 0,43%. Petrobras cedia 0,78% (PN) e 1,13% (ON).