Estadão

Visão positiva de decisão sobre combustíveis estimula alta do Ibovespa

O Ibovespa sobe desde o começo do pregão desta terça-feira, 28, e renovou máxima, subindo 1,02%, aos 106.793,71 pontos. Por ora, há uma reação positiva do mercado da decisão do governo em reonerar os combustíveis a partir de hoje, diante do entendimento de compromisso com o fiscal e de credibilidade do ministro Fernando Haddad (Fazenda). "O mercado avalia isso positivamente", reforça Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. Já em Nova York, os índices futuros tentam alta discreta. "Ainda é bem visto o fato de que a Petrobras está afirmando que manterá os preços competitivos em equilíbrio com o mercado. Dá uma boa interpretação de que não haverá interferência nos preços", diz Esteves.

A tentativa de alta das bolsas do Ocidente e a valorização do petróleo no exterior também reforçam os ganhos do Ibovespa, de forma a atenuar as perdas no último pregão do mês. Até agora, acumula desvalorização de cerca de 6% no período. Enquanto isso, o mercado espera os detalhes do governo sobre a reoneração dos combustíveis.

A agenda está relativamente esvaziada. Nos Estados Unidos, os destaques são dados de atividade, que poderão ajudar nas estimativas para os juros do país. Isso porque a inflação segue resistente por lá e na Europa, elevando a possibilidade de taxas maiores por mais tempo. Por aqui, saiu a taxa de desemprego no trimestre até dezembro (de 7,9%, igual à mediana). "É uma boa notícia e ajuda algumas ações de varejo na Bolsa", afirma Esteves, da Blue3.

Agora, os investidores aguardam o desfecho da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Na segunda-feira, 27,, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou a Lula um modelo que institui a volta da tributação sobre combustíveis, a partir desta terça, no qual a gasolina é mais onerada do que o etanol. "A decisão mostra que Haddad ganhou a briga, que venceu o parecer técnico, o que é positivo, é bom para a credibilidade dele e para o fiscal. Do lado negativo, o ministro sinalizou que quem vai pagar a conta será a Petrobras. Isso é ruim, sugere direcionamento de intervirem na empresa", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Haddad sinalizou ontem que a reoneração dos combustíveis pode ser compensada com uma redução no preço da gasolina e do álcool pela Petrobras.

Nesta terça, em nota, a companhia reiterou o compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado. A empresa afirmou que evita repasse imediato de volatilidade externa e câmbio por eventos conjunturais.

De todo modo, o mercado seguirá de olho em possíveis alterações de preços. Duvidas como essas podem impedir alta do Ibovespa. Além disso, nesta terça termina o mandato de dois diretores do Banco Central (BC) e ainda não há indicações para os cargos, destaca o economista Álvaro Bandeira.

Aqui, acrescenta o também consultor de finanças, há outras preocupações como a desaceleração do crédito e piora da inadimplência. "O Ibovespa tem espaço para recuperar perdas, mas as incertezas podem barrar essa expectativa", diz Bandeira em comentário matinal.

Na segunda, o índice Bovespa fechou em queda de 0,08%, aos 105.711,05 pontos. Conforme Bandeira, o indicador não deveria perder o nível dos 105 mil pontos sob pena de buscar marcas menores, como a da faixa dos 103 mil ou menos.

Na seara corporativa, os balanços ficam no radar. O Grupo Pão de Açúcar (GPA) registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,102 bilhão no quarto trimestre de 2022, revertendo lucro de R$ 777 milhões apurado um ano antes. As ações caíam 4,42% às 11h16. O Ibovespa subia 0,69%, aos 106.440,44 pontos.

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