Quando o estilista Ricardo Almeida soube da morte de Eduardo Campos, ele fez questão de não cobrar os ternos sob medida encomendados pelo candidato. Eles seriam usados durante a campanha, especialmente nas gravações do horário eleitoral gratuito. Enquanto o guarda-roupa de Campos havia sido bem calculado, o de Marina Silva, alçada de repente a protagonista da campanha à Presidência da República, vem sendo improvisado e lapidado aos poucos.
De pronto, ela topou abrir três exceções às quais tinha dito não na posição de vice: retocou os cabelos brancos, fez a sobrancelha e aceitou incluir uma maquiadora na comitiva. As olheiras, que dão um ar de cansaço, foram atenuadas. Alérgica a maquiagem, ela sucumbiu à base, ao corretivo e ao rímel, dando exclusividade, segundo uma assessora, à marca MAC. O batom, que incha seus lábios, ela substitui por um gloss caseiro que inventou, à base de beterraba e açúcar.
O estilista mineiro Ronaldo Fraga, com quem Marina tem uma relação antiga, ficou de enviar umas peças para a candidata, mas não agora, já que está em Londres.
Assim, nessa largada da corrida presidencial, Marina está vestida de Marina. Um pouco porque ainda não conseguiram montar um novo guarda-roupa com o qual concorde e se sinta à vontade. E outro tanto porque, como ela propõe uma nova política, não seria estratégico se “fantasiar” de executiva como fazem as mulheres da “velha política”.
“Marina se manteve fiel ao estilo evangélico e passa a imagem de mulher honesta, que escolhe as roupas de acordo com sua ideologia política e de sua realidade religiosa”, avalia João Braga, professor de História da Moda.
“Ela é muito chique!”, diz a empresária Alice Ferraz, criadora da rede de blogs de moda F Hits. “É magra, usa roupas acinturadas, pouca maquiagem, está sempre com peças de linho, algodão, renda, além dos maxicolares que transmitem brasilidade. Sua imagem representaria muito bem o Brasil no exterior.”
Nas redes sociais, no entanto, a aparência de Marina vem sendo bombardeada pelas guerrilhas online do PT e do PSDB.
Penteado
Em contrapartida, seus correligionários lançaram uma campanha no Facebook com a hashtag CoqueTaNaModa, em que aparecem fotos de jovens imitando o penteado da candidata. Só que a ação, por enquanto, não vingou.
A consultora e editora de Moda Regina Guerreiro, entretanto, acredita que Marina deveria adotar um visual mais “imponente”. “Ela precisa de um visual mais imponente. Se não, ela passa a ideia da coitadinha, que usa o xalezinho porque sente friozinho.”
Quando Eduardo Campos deu a entrevista no Jornal Nacional, um dia antes de sua morte, ele estava com cara de presidente. Passou a usar o cabelo penteado para trás com gel e, não por acaso, adotou o mesmo estilista que repaginou Lula durante a campanha de 2002.
Na época, os ternos de Ricardo Almeida, as camisas claras com colarinho francês e a barba aparada ajudaram Lula a desfazer a imagem de metalúrgico radical e raivoso.
Dilma também foi repaginada. Fez uma plástica com o cirurgião Renato Vieira em 2008 e deu uma bela modernizada no corte de cabelo desde que virou cliente de Celso Kamura. Permite-se ousar nos tons vivos, como o vermelho de seu partido, o azul royal e o verde bandeira.
Para se afastar do visual de playboy, Aécio Neves deixou o cabelo mais curto e aderiu ao jeans e à camisa branca. “O terno que ele exibiu no último debate era da qualidade dos que ele costumava usar”, observa a consultora de moda Bia Paes de Barros. “O tom de cinza claro não favoreceu a sua pele”, detalhou. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.