Variedades

‘Vivemos a melhor fase da carreira’, diz Graham Russell

A entrevista por telefone com Graham Russell, compositor, guitarrista e um dos vocalistas da banda Air Supply era para ser de 15 minutos, mas ele estava tão empolgado para falar sobre a carreira da banda – que faz show nesta quarta-feira (16), no Espaço das Américas e é composta também por Russell Hitchcock, que faz a primeira voz -, que terminou se estendendo, o que possibilitou perguntar sobre o que ele pensa do domínio do rap na música americana e do sonho que acalenta há anos de ganhar um Oscar de melhor canção. “Eu não gosto do rap, não é o tipo de música que aprecio, respeito quem escuta. O que ouço e gosto de cantar são músicas românticas, baladas e pop. O público que gosta de música nos Estados Unidos é imenso, então, tem gosto para tudo que é feito em matéria de música”, afirma Graham.

A banda Air Supply foi formada em 1975, quando o músico britânico Graham Russell e o australiano Russell Hitchcock se conheceram no primeiro dia dos ensaios do musical Jesus Cristo Superstar, em Sydney. Mas nesses primeiros anos eles tiveram que ralar muito e se contentar em abrir shows de outros cantores de sucesso, como do astro britânico Rod Stewart, e fazer um relativo sucesso na Austrália. A banda estouraria mundialmente com o primeiro álbum, Lost in Love, em 1980, que logo chegaria ao segundo lugar da Billboard americana. “O que guardei desse encontro foi a sensação de que ele celebrou nossa parceria que dura até hoje”, diz Graham.

Os números do Air Supply impressionam. Eles tiveram cinco músicas consecutivas na lista da Billboard, na primeira metade dos anos 1980, comparável apenas aos Beatles, e já venderam mais de 45 milhões de discos em todo mundo. Têm tantos hits que os shows que eles fazem são, basicamente, em cima dos mais de 20 sucessos da banda, que os fãs do mundo inteiro sabem cantar de cor e até mesmo quem não gosta do estilo acentuadamente romântico deles já deve ter escutado alguma delas, como Goodbye, Even the Nights Are Better, Lost in Love, Making Love Out of Nothing at All, I Cant Let Go, Lonely Is the Night, I Can Wait Forever, Sweet Dreams, Every Woman the World, Just As I Am, The Power of Love, All Out of Love, entre tantas outras. Mesmo com tantos sucessos na carreira da banda, Graham não pensa duas vezes quando indagado se tivesse que levar apenas uma das músicas que ele compôs para uma ilha deserta, qual seria? “Sem sombra de dúvida, All Out of Love”, confessa.

Há mais de quatro décadas na estrada, sem nunca ter se separado em nenhum momento, hoje o duo pode ser considerado o mais longevo do pop romântico mundial, assim como é a banda Rolling Stones para o rock, que eles admiram desde o início da carreira. Graham Russell afirma que eles nunca brigaram ou tiveram algum desentendimento artístico, o segredo para que isso não acontecesse é simples, segundo ele. “Conseguimos administrar bem nossas diferenças artísticas, e eu atribuo isso à maneira como foi construída nossa parceria. Eu compondo as músicas, tocando guitarra e sendo a segunda voz, enquanto Russell Hitchcock é a voz primeira e principal.” E completa: “Essa separação bem definida nos preservou de brigas sérias que são frequentes na carreira de qualquer banda que dure muito. Outra coisa, é que gostamos muito de tocar um ao lado do outro, temos prazer em cantar juntos”.

O último álbum de estúdio deles foi Mumbo Jumbo, de 2010, mas Graham disse que nunca parou de compor músicas que entram no repertório dos shows que eles fazem no mundo todo, em média 150 por ano. Só nos Estados Unidos, são em torno de 50 apresentações, sempre com casa lotada, garante Graham. A última música composta por ele foi I Adore You, que ganhou uma versão em espanhol na voz do cantor argentino Alejandro Lerner, que já cantou com a banda. Sobre quando será o próximo álbum de estúdio, ele revela: “Assim que tivermos uma boa seleção de músicas, podemos pensar em entrar em estúdio para gravar um novo álbum”. Com mais de 15 álbuns na carreira, o primeiro Lost in Love, de 1980, segundo ele, continua sendo o mais representativo.

Assim como a banda Rolling Stones, que não fala em aposentadoria, Graham disse que eles não pensam no assunto. Enquanto tiverem público, e os shows lotados provam que ainda têm, vão fazendo aquilo que mais gostam, cantar. “Estamos vivendo o melhor momento de nossas carreiras. Em lugar de ficar pensando em aposentadoria, nós preferimos levar nossa música para o mundo, para as pessoas. Enquanto estivermos felizes fazendo isso, não há por que parar.”

Apesar de escutar as músicas de hoje, Graham não gosta do gênero rap, que ele não ouve de jeito nenhum. Sobre a música pop, ele fala que o problema não está nas composições e, sim, na qualidade de alguns cantores, que não são bons. Um sonho que ainda acalenta. “Gostaria muito de ganhar um Oscar por uma canção composta por mim.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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