O aumento do poder da francesa Vivendi no conselho da Telecom Itália tende a facilitar a fusão entre Oi e TIM Brasil. Conciliar o interesse dos italianos com o dos russos do fundo LetterOne, com quem a Oi fechou acordo de exclusividade, seria mais complicado porque ambos esperam ter ingerência operacional sobre o negócio. Já a Vivendi tem uma visão mais pragmática do acordo.
O foco do grupo francês é obter retorno financeiro. A companhia vendeu a operação da GVT no Brasil, revelando pouco interesse no País. Os franceses podem aceitar entrar na operação com menos poder de fogo, desde que tenham em mãos uma porta de saída. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a expectativa é que seja negociada uma “put” (opção de venda) da fatia da Telecom Itália no negócio mais adiante. Caso isso se confirme, os russos passariam a comandar a gestão.
Assim como a Telecom Itália, o grupo LetterOne tem experiência no setor de telecom. Com presença em 14 países por meio da VimpelCom e também na Turkcell, líder do setor na Turquia, o fundo russo lida com cerca de 150 milhões de clientes.
A diferença é que tem uma atuação mais focada em mobilidade, enquanto a Telecom Itália tem perfil de convergência, mais similar ao da Oi. Diante disso, ambos gostariam de ter voz ativa na empresa que surgirá da união entre Oi e TIM. Isso significaria provavelmente costurar um acordo de acionista e uma estrutura mais complexa.
Antes mesmo da mudança na composição do conselho da Telecom Itália, a Oi já vinha conversando com a Vivendi a respeito da consolidação. Agora, o grupo francês conquistou quatro assentos no conselho de administração da controladora da TIM, da qual tem 20%, e ficou mais forte. A expectativa da Oi e do LetterOne é entregar uma proposta no início de 2016, segundo fontes.
Pelo acordo de exclusividade o fundo do bilionário russo Mikhail Fridman aportará US$ 4 bilhões na Oi, permitindo a fusão. O BTG Pactual é o assessor financeiro do negócio, mas a Oi não descarta contratar outros bancos para atuarem em conjunto com o BTG, sócio da operadora na operação.
A hipótese não estaria ligada à crise detonada pela prisão de André Esteves, mas pelo fato de a Oi buscar crédito para amortizar sua dívida, papel que não será desempenhado pelo BTG.
Segundo fontes, a TIM contratou como assessores o Bank Of America Merrill Lynch (Bofa) e o Citi para tratar da eventual fusão com a Oi. Citi, Bofa, BTG, Oi e TIM não comentaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



