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Vocalista dinamarquês de heavy metal, King Diamond faz segunda visita a SP

Aos 54 anos, o dinamarquês King Diamond estava desmascarado, despido da persona assustadora que assume nos palcos. Era só Kim Bendix Petersen, seu nome verdadeiro, quando se viu deitado em uma mesa de operação, ainda desperto. Conversava com o médico enquanto uma microcâmera vasculhava a situação do seu coração, após uma série de enfartes. Ouviu palavras nada animadoras. Fumante por três décadas, o vocalista do Mercyful Fate e de carreira solo consistente deveria colocar três pontes de safena se quisesse continuar a viver. Decidiu lutar pela vida. Foram dois anos em recuperação física. “Nunca mais coloquei um cigarro na boca. Nem uma tragadinha”, diz ele, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “E, com isso, minha voz está melhor do que nunca”, promete o músico de 61 anos.

Dono de um dos falsetes mais impressionantes do heavy metal, capaz de alcançar notas agudas mais improváveis, Diamond garante que agora é o melhor momento para vê-lo no palco. “Cuido também melhor do meu corpo. E respirar? Nossa, é muito melhor não precisar lutar para fazer isso.” Mais saudável, com a rotina de correr 2 quilômetros três vezes por semana nas proximidades da casa onde mora, em Dallas, nos Estados Unidos, Diamond gira o mundo com a turnê comemorativa dos 30 anos do disco Abigail, lançado em 1987 e transformador para o gênero de heavy metal teatral de terror.

Com Abigail, ele volta ao Brasil para encabeçar as atrações do Liberation Festival, evento que também reunirá, neste domingo, 25, a banda norte-americana Lamb of God, a inglesa Carcass, a alemã Heaven Shall Burn e a brasileira Test. Todo o equipamento necessário para montar o cenário da arrepiante história do disco conceitual de Diamond de 1987 chegará ao Brasil em um contêiner. O dinamarquês, bom de vender o próprio peixe, garante que será “o maior espetáculo já visto”. Além da tradicional maquiagem no rosto, ele trará a casa mal-assombrada na qual se passa a história do casal Miriam Natias e Jonathan LaFey. O álbum narra a mudança da dupla para o imóvel herdado por LaFey em 1845 – e, como é esperado nas história de terror, as coisas não vão nada bem em situações que incluem fantasmas, possessões e morte.

Com o Mercyful Fate, Diamond foi importante para colocar mais uma pedra na construção do que se conhece hoje por heavy metal. Influenciou Slayer e até o Metallica e teve o disco de estreia, chamado Melissa, de 1983, posicionado como o 17.º colocado na lista dos 100 melhores álbuns de heavy metal de todos os tempos criada pela Rolling Stone norte-americana. Na carreira solo, Diamond buscava algo mais teatral e com isso ergueu Abigail, um trabalho de complexidade narrativa incomum. Nesse disco de 1987, Diamond demonstrou o poderio do alcance vocal ao cantar com vozes de diferentes personagens da trama macabra.

Vinte e um anos depois de passar por São Paulo com o Mercyful Fate e a carreira solo, no festival Monsters of Rock, e após o susto que seu coração lhe pregou, Diamond se sente renovado. Tem nos planos o lançamento de dois DVDs com registros de performances ao vivo e trabalha em um novo álbum solo. “Ao fazer essa regressão às músicas da década de 1980, quero voltar a soar daquela forma. Estamos gravando com instrumentos e da forma como fazíamos há 30 anos”, ele diz. “E, como eu disse, minha voz está melhor. Meu físico também. Agora eu posso ter escadas no palco!”

LIBERATION FESTIVAL
Espaço das Américas. R. Tagipuru, 795; 3864-5566. Dom. (25), a partir das 16h. R$ 300 a R$ 500. Programação: Test, 17h30; Heaven Shall Burn, 18h10; Carcass, 19h10; Lamb of God, 20h30; King Diamond, 22h15
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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