Volkswagen vê custo de insumos puxado por dólar como limitador do mercado em 2021

Citando a pressão sobre os custos de produção vinda, principalmente, da valorização do dólar, o presidente e CEO da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, considerou hoje serem "super otimistas" as previsões da indústria que apontam a um mercado de 2,4 milhões de veículos no ano que vem. Ao participar de live transmitida à imprensa, Pablo informou que a montadora está trabalhando com a perspectiva de consumo no Brasil, incluindo todas as marcas, na faixa de 2,3 milhões a 2,4 milhões de veículos, mas que estará preparada caso não se confirme o teto da projeção, cuja concretização significaria um aumento em torno de 20% das vendas da indústria.

"O mercado, obviamente, vai ser maior, mas acho que a previsão de 2,4 milhões da Anfavea é uma visão super otimista", afirmou o dirigente da Volks, citando, em seu comentário, a associação das montadoras, que, embora não tenha fechado ainda as previsões oficiais, já apontou os 2,4 milhões de veículos como um teto para 2021. "Acho que não vamos crescer tanto quanto 2,4 milhões. Nosso planejamento é este de 2,3 milhões a 2,4 milhões, mas se não acontecer vai ser mais fácil desacelerar o programa de produção", comentou.

O motivo da cautela reside no aumento dos preços de matérias-primas. Uma vez repassado às tabelas das concessionárias, como vem acontecendo, o consumo ficará mais limitado. Hoje, Pablo disse que a Volks tem procurado acelerar a nacionalização de peças, tanto no Brasil quanto na Argentina, para reduzir a dependência a componentes importados e, logo, a exposição ao câmbio.

Ele ponderou, contudo, que aumentar o índice de materiais nacionais no carro envolve projetos de longo prazo, que podem levar mais de cinco anos.

Enquanto isso não acontece, a Volks, conforme relatou o seu dirigente na região, vem travando uma "luta diária" nas negociações de preços com seus fornecedores. "Temos algumas conversas fáceis e outras difíceis com fornecedores", contou Pablo a jornalistas.

<b>Descongelamento</b>

Apesar do conservadorismo nos cenários traçados para 2021, o executivo disse que a montadora vem retomando investimentos que tinham sido congelados na pandemia, o que inclui a produção do utilitário esportivo Taos na Argentina.

A ser comercializado no Brasil no segundo trimestre do ano que vem, o modelo, cujo projeto foi atrasado pela pandemia, faz parte de um investimento de US$ 650 milhões realizado na fábrica da Volks na região metropolitana de Buenos Aires.

Outros investimentos devem ser anunciados pela montadora no Brasil no ano que vem, conforme antecipou Pablo nesta quarta-feira.

Ele informou que um novo ciclo de investimentos está sendo estudado no segmento de utilitários esportivos. Mas o anúncio fica para 2021. "Estamos pensando num novo ciclo de investimento, mas hoje não é o dia de anúncio."

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