O dólar mostra volatilidade na manhã desta terça-feira, 26. Passou a subir levemente ante o real em meio à elevação da curva de juros após ata do Copom e diante da queda de mais de 3% do minério de ferro na China. Os juros de Treasuries também ganham força, pesando no ajuste local do mercado de câmbio.
Mas o ajuste do dólar é moderado em meio ao recuo predominante da moeda americana no exterior pelo segundo dia seguido, após ganhos recentes, e uma leve baixa dos juros dos Treasuries, que subiram ontem em meio a declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que elevaram dúvidas sobre o ciclo de corte de juros esperado neste ano.
A moeda norte-americana registrou máxima intradia há pouco, a R$ 4,9824 (+0,18%), e mínima, após abertura, a R$ 4,9664 (-0,14%).
Os investidores também precificaram em baixa na abertura dos negócios os sinais da ata do Copom de que percebe a necessidade de manter a política monetária ainda contracionista no horizonte relevante, o que favorece o diferencial de juros interno ante o externo, beneficiando a atratividade do real.
Contudo, a queda de 3,72% do minério de ferro em Dalian, na China, nesta terça-feira ajudou a limitar o recuo do dólar ante o real mais cedo. Rolagens de contratos futuros favorecem ainda a volatilidade cambial às vésperas do fechamento da Ptax da março, nesta quinta-feira, antes do feriado de Sexta-feira Santa que fechará os mercados no Brasil, EUA e Europa.
Nos juros, predominam altas na curva de taxas em meio à leitura da ata do Copom. Investidores olham ainda o IPCA-15 e o boletim Focus.
Assim como já vêm sinalizando recentemente, os integrantes do Copom escreveram na ata que estão cada vez mais data dependent, ou seja, dependentes das informações correntes mais atualizadas. Em especial, de acordo com o documento, para definir a taxa terminal da Selic.
"O Comitê avalia que as informações trazidas por atualizações dos conjuntos de dados analisados serão particularmente importantes para definir o ritmo e a taxa terminal de juros", trouxe a ata.
Justificando a retirada do "plural" no "forward guidance", a ata afirma que alguns membros argumentaram que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode ser apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir.
O colegiado também mencionou a questão das incertezas do cenário, ponto de grande expectativa no mercado nos últimos dias. Na ata, os membros citam que a desinflação no exterior se mostra mais incerta, devido à atividade econômica dos Estados Unidos e às condições financeiras globais. No Brasil, afirma, há um comportamento benigno da inflação de alimentos e industriais. No entanto, mencionam dúvidas sobre o ritmo da desinflação de serviços, com a atividade econômica resiliente.
O Banco Central manteve o suspense em relação ao nível da Selic no encerramento do atual ciclo de afrouxamento monetário. "A extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", trouxe o documento.
Analistas do mercado financeiro têm debatido à exaustão sobre o nível da Selic ao final do período e gostariam de alguma sinalização dessa perspectiva por parte do BC. Para o colegiado, no entanto, sinalizar um nível esperado para o juro no encerramento do ciclo pode levar a ruídos na comunicação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,36% em março, após ter subido 0,78% em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima da mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro colhidas pelo Projeções Broadcast, que apontava para aumento de 0,32%.
As previsões iam de alta de 0,21% a avanço de 0,54%. Com o resultado anunciado hoje, o IPCA-15 acumulou um aumento de 1,46% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 4,14%. As projeções iam de avanço de 3,99% a 4,33%, com mediana de 4,10%.
Já o Boletim Focus mostrou poucas alterações. A previsão para a taxa Selic em 2024 permaneceu em 9% e, para 2025, em 8,5%. A expectativa para o IPCA de 2024 foi reduzida de 3,79% para 3,75%, e para 2025, de 3,52% para 3,51%. Quanto às projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), houve elevação de 1,80% para 1,85% em 2025 e manutenção de 2% no ano que vem.
Às 9h53, o dólar à vista tinha alta de 0,12%, a R$ 4,9794. O dólar para abril apontava alta de 0,08%, a R$ 4,9780. O juro da T-Note 2 anos estava a 4,611% na máxima, ante 4,629% no fim da tarde de ontem; o juro da T-Note 10 anos subia a 4,260%, ante 4,251% no fim da tarde de ontem.