Quando não está na academia, malhando três vezes por semana com a esposa em um grupo de idosos, o aposentado Edson Cavaletti, de 66 anos, toma uma cervejinha e vende moedas antigas pela internet. Aos domingos, almoça com os três filhos e os três netos, de 20, 15 e 4 anos – seus grandes incentivadores da prática de atividade física. “Os netos incentiva e os filhos, cobram”, ri Cavaletti.
Às vezes, durante a semana, algum neto faz uma visita, mas agora que estão crescendo, diz o aposentado, acabam se ocupando com outras atividades. Além da função de avô, ele é, sobretudo, um homem ativo: ocupa o tempo livre com atividades físicas e prazerosas.
Esta quarta-feira, 26, Dia dos Avós, será mais um dia de treino. Como todas as segundas, quartas e sextas dos últimos quatro anos, Cavaletti estará às 10 horas na academia Bio Ritmo do Shopping West Plaza, na zona oeste de São Paulo, fazendo aeróbica e exercícios voltados para alunos acima de 60 anos. Cavaletti e a esposa, Neide Aparecida, de 67 anos, também aposentada, exercitam-se com outros 18 colegas – ou melhor, amigos. De tão próximos, os alunos da turma criaram um grupo no Whatsapp e, quando um deles falta, os outros se preocupam.
“Não consigo mais ficar sem as aulas. Se estou de férias ou faço uma viagem, sinto falta. Quando tem um grupo de pessoas da mesma idade, a gente acaba se apegando. Perguntamos no grupo por que não veio, se foi viajar… O grupo também acaba incentivando você a participar, a estar junto”, diz.
A cobrança por atividade física regular veio de um filho, quatro anos atrás, quando Caveletti estava perto de se aposentar. “Meu filho achava que me faria bem entrar na academia, sair um pouco de casa. Era aquele período próximo da aposentadoria e eu estava procurando o que fazer em casa. Comecei a frequentar e gostei.”
Futebol e histórias
A promotora de Justiça aposentada Ana Martha Smith, de 71 anos, também foge do estereótipo de vovozinha. Seu exercício cotidiano é brincar de pega-pega e jogar futebol com os três netos, com 10, 5 e 3 anos. Ela ainda aproveita para fazer caminhadas duas vezes ao dia, quando precisa passear com os quatro cachorros.
Ana Martha também é ativa intelectualmente: ama ler e escrever. Há quatro anos, dedica-se a escrever, sem pressa, “histórias da vovó”. E, se não bastasse, elabora textos sobre ética em linguagem acessível para crianças. Quer deixar a obra como legado aos três netos.
“Comecei a escrever porque, sempre que dormem na minha casa, eles pedem que eu conte uma historinha. Então, escrevo meus textos para deixar um ensinamento. O que aprendemos temos que repassar aos netos. Me ocupo dessa forma”, conta.
Ana Martha se diverte ao passear com eles: anteontem visitaram um aquário, ontem fizeram compras. Quando estão na casa da avó, a turma vai para a cozinha e, de lá, saem tortas e bolos de chocolate feitos a muitas mãos.
“A coisa mais formidável da vida é virar avó. Funciona como um prêmio que Deus dá para a gente. Eduquei bem meus filhos, que educam bem meus netos. Eles trazem um sopro de vida nova para mim, que estou aposentada, e não saio mais tanto de casa a não ser com eles.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.