O presidente afastado da Câmara de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Walter Gomes (PTB), preso nesta quarta-feira, 14, na Operação Eclipse, tentava se desfazer de bens registrados em nome de terceiros e ainda tumultuar as investigações no Legislativo para cassar o seu mandato. A afirmação é do promotor Marcelo Zanin Bombardi, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco), que participou da ação desta quarta, a terceira fase da Operação Sevandija, iniciada em setembro.
Gomes foi preso em sua casa, num condomínio em Ribeirão Preto, e levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP), às 13h30, segundo a Polícia Federal (PF). Ele era investigado por corrupção passiva, participação em organização criminosa e agora será ainda apurada a suposta lavagem de dinheiro, bem como o tumulto processual, de acordo com Bombardi. “O investigado estaria se desfazendo de bens móveis e imóveis de sua propriedade que não estavam registrados no nome dele”, disse.
Mesmo com os bens bloqueados, Gomes tentou também, sem informar à Justiça, o distrato contratual com a devolução de dinheiro de dois apartamentos comprados por ele. “No caso das investigações na Câmara, o investigado pediu a testemunhas que viajassem e desaparecessem para não deporem no processo”, completou o promotor.
Todas as apurações foram feitas após novas interceptações telefônicas realizadas pelo Gaeco com autorização da Justiça. Além da prisão, policiais e promotores participaram de quatro mandados de busca e apreensão, um na residência do presidente afastado da Câmara de Ribeirão Preto, dois em moradias de familiares e outro numa empresa do vereador.
“Os documentos já analisados mostram que a suspeita procede, com contratos particulares de compra de venda de imóveis que revelam propriedades que não estão no nome do investigado, como terrenos, chácaras e apartamentos”, afirmou Bombardi. Foram apreendidos ainda R$ 15,5 mil em dinheiro, automóveis e mídias eletrônicas para análise.
Outro lado
O advogado de Gomes, Júlio Mossin, afirmou que irá entrar com o habeas corpus ainda nesta quarta no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) para que seu cliente seja liberado. Segundo ele, no pedido será sustentado, no caso dos bens do parlamentar, que “na visão da defesa, esse fato e os elementos apresentados não podem conduzir o pedido de prisão do Walter (Gomes)”, disse. “Além disso, ele estava fazendo o distrato de contrato. Se ele não vai poder obter o imóvel, porque vai seguir pagando?”, completou. Mossin considera ainda que as conversas de Gomes com outros funcionários públicos no processo de cassação enfrentado “é um direito que o vereador tem de conversar com suas as testemunhas”.