A direção de Wimbledon confirmou nesta sexta-feira que vai permitir a presença de tenistas da Rússia e de Belarus na edição deste ano. Impedidos de competir no ano passado, os atletas destes dois países poderão jogar na grama de Londres sob bandeira neutra. E precisarão cumprir "condições apropriadas".
Uma destas condições é não declarar apoio da Rússia à invasão à Ucrânia – o que teve início em fevereiro do ano passado. Os tenistas russos e belorussos também não poderão receber patrocínio do estado, incluindo empresas estatais ou controladas parcialmente pelo governo destes dois países.
Tenistas da Rússia e Belarus, único país que apoiou a invasão à Ucrânia, vêm enfrentando resistência por parte de países, torneios e entidades do tênis desde o início da guerra. A ATP e a WTA, órgãos internacionais que regem o tênis masculino e feminino, respectivamente, não exibem as bandeiras dos dois países em seus sites, mesmo no perfil de tenistas destas nações.
Mas foi o Torneio de Wimbledon que apresentou a maior restrição. Foi o único dos quatro Grand Slams a banir os atletas russos e belorussos, decisão que surpreendeu o mundo do tênis e gerou resistência até mesmo por parte da ATP e da WTA e dos demais torneios de nível Grand Slam.
Desde então, a direção de Wimbledon vinha sofrendo forte pressão para levantar o veto. No ano passado, a ATP e a WTA decidiu remover os pontos do torneio no ranking para evitar desequilíbrios na lista dos melhores do mundo. Na época, o número 1 masculino era justamente um russo, Daniil Medvedev.
"Também levamos em consideração o alinhamento entre os torneios de Grand Slam, que deve ser cada vez mais importante para o ambiente do tênis. Houve uma forte reação de decepção por parte de algumas entidades do tênis diante da posição assumida pelo All England Club (que administra Wimbledon) e pela LTA (federação de tênis britânica) no ano passado. Se essa divisão permanecesse, causaria danos aos interesses dos tenistas, torcedores, do próprio torneio e do tênis britânico", argumentou a direção de Wimbledon ao justificar a decisão de liberar russos e belorussos.
Para este ano, a ATP e a WTA elevaram o tom nas críticas à decisão tomada por Wimbledon em 2022 e ameaçaram punições esportivas ao tradicional torneio britânico e o veto a competições preparatórias ao Grand Slam, também disputadas na Inglaterra (Queens, Eastbourne, Birmingham e Nottingham).
Em comunicado, a direção de Wimbledon admitiu que a ameaça de punição também foi considerada na mudança de avaliação sobre russos e belorussos. "Isso significaria o cancelamento de nossos eventos de tênis profissional em Queens, Eastbourne, Birmingham e Nottingham este ano e, de fato, no futuro."
O Torneio de Wimbledon será disputado neste ano entre os dias 3 e 16 de julho.