A organização de Wimbledon anunciou nesta terça-feira uma série de mudanças no torneio, homenagens na edição deste ano e auxílio a tenistas ucranianos ao longo da temporada de grama. A competição, que voltará a receber atletas da Rússia e Belarus, vai pagar dois quartos de hotel para cada atleta da Ucrânia presentes tanto nas chaves de qualifying quanto nas chaves principais dos torneios de grama.
"Para os tenistas ucranianos, o All England Club e a LTA (Federação de Tênis do Reino Unido) vão bancar os custos de acomodação de dois quartos para todos os jogadores presentes na chave principal e no qualifying durante toda a temporada de grama", anunciou Ian Hewitt, presidente do All England Club, a entidade responsável pela organização de Wimbledon.
A temporada de grama dura um mês e meio, entre julho e agosto. "Estes jogadores também vão ganhar a oportunidade de treinar nas quadras do All England Club ou em outras estruturas da LT, entre sua última partida em Roland Garros e o sábado anterior ao início do qualifying de Wimbledon", disse Hewitt. O privilégio de treinar nas quartas de Wimbledon é reservado somente para tenistas locais e campeões estrangeiros.
Ao mesmo tempo, o torneio vai doar uma libra esterlina por cada ingresso vendido para um fundo de auxílio à Ucrânia. A estimativa é de levantar até 500 mil libras, equivalente a R$ 3,1 milhões. As medidas soam como compensação do torneio por permitir a presença de tenistas russos e belarussos na edição deste ano.
Em 2022, a organização de Wimbledon e seus torneios preparatórios tomaram a surpreendente decisão de barrar atletas dos dois países como retaliação à invasão da Rússia, com apoio de Belarus, na Ucrânia, em fevereiro do ano passado. A decisão gerou polêmica no circuito e fez ATP e WTA, entidades que regem os circuitos masculino e feminino de tênis, a tirar os pontos do ranking a serem distribuídos por estas competições.
Em entrevista nesta terça, o presidente do All England Club disse que o veto em 2022 foi "a decisão mais difícil" em seu período no comando da entidade. Ian Hewitt revelou que a edição deste ano da competição não será transmitida na Rússia e nem em Belarus. E jornalistas dos dois países não poderão cobrir o torneio in loco.
Ele também anunciou que as bandeiras dos dois países não constarão nas chaves e placares, que o tema da guerra será barrado em todas as conversas e entrevistas, e ainda que os tenistas já começaram a assinar declarações em que se comprometem a não demonstrar apoio aos dois países na invasão à Ucrânia. O documento se tornou pré-requisito para a participação destes atletas no torneio.
Hewitt também divulgou homenagens ao longo da competição deste ano. O suíço Roger Federer, que se aposentou no ano passado, e a americana Billie Jean King serão alguns dos festejados, em datas ainda não definidas.
Nos aspectos técnicos, a organização surpreendeu ao anunciar que vai permitir o chamado "coaching", a orientação dos técnicos ao longo das partidas, algo proibido pelas regras do tênis masculino. O torneio ressaltou que a permissão será em caráter de teste. Outra mudança alcançará a chave masculina de duplas, que passará a ter seus jogos disputados em melhor de três sets – até 2022, eram em melhor de cinco sets.
O Torneio de Wimbledon será disputado neste ano entre os dias 3 e 16 de julho, data da final masculina. A decisão feminina está agendada para o dia 15