Economia

Wizard investe em rede de fast-food e abrirá loja da Taco Bell no Brasil

Há dois anos, Carlos Wizard Martins, fundador da rede de idiomas Wizard, viajou com o filho Lincoln para Irvine, na Califórnia, Estados Unidos. Meses após ter vendido o grupo Multi por quase R$ 2 bilhões para a britânica Pearson, na maior aquisição de educação do País, o empresário estava à procura de novos negócios. No radar, um dos alvos era trazer para o Brasil a Taco Bell, rede de fast-food inspirada na cozinha mexicana com sede na cidade americana.

Recebidos pelo comando da companhia, mas despachados com um educado “infelizmente o Brasil não faz parte, no momento, do nosso plano de expansão”, pai e filho retornaram decididos a dobrar os americanos.

Depois de extenso levantamento de dados, uma bateria de estudos e muitas viagens entre os dois países, a estratégia deu certo: Wizard se prepara para abrir em agosto a primeira loja da Taco Bell no Brasil, no bairro Itaim Bibi, em São Paulo.

Mais duas unidades serão inauguradas em seguida, na Avenida Paulista e no Shopping Center Norte. Com um investimento inicial de R$ 100 milhões, o plano é ter no País 25 lojas próprias e 75 franquias até 2020.

No processo de convencimento dos americanos, o histórico de crescimento de dois dígitos no consumo de fast-food e, sobretudo, o forte avanço de redes estrangeiras nos últimos anos no mercado brasileiro fizeram a diferença. Pesaram na decisão ainda, conta o empresário, a capacidade financeira e a tradição da família Martins em franquia.

Tradição

Após vender o maior grupo privado de cursos de idiomas e de ensino profissionalizante no País – que, além de Wizard, reunia marcas como Microlins e Yázigi -, Wizard diversificou os ramos de atuação, mas mantém a franquia como base dos negócios.

Em 2014, o empresário comprou 100% da Mundo Verde, rede de produtos saudáveis com mais de 400 lojas e faturamento de R$ 500 milhões por ano. Paralelamente, começou do zero, em parceria com o ex-jogador Ronaldo Nazário, a rede de franquias Ronaldo Academy, dedicada ao futebol e com unidades nos Estados Unidos e na China.

Só o último grande negócio até então, a compra da operação brasileira das marcas de calçados esportivos Topper e Rainha, que pertenciam à gigante Alpargatas, não tem relação direta com franquia. Mas, entre os objetivos da aquisição, está o fato de as marcas serem complementares à atuação da Ronaldo Academy. “Nosso conhecimento do setor de franquias nos ajuda muito na expansão de todos os negócios”, afirma Martins.

O empresário explica que a escolha pela Taco Bell se justifica pelos preços mais baixos da rede em relação aos concorrentes e pela busca, por parte dos consumidores, por produtos mais naturais. “A maior parte dos lanches são feitos à base de milho e as carnes não são tão processadas”, explica.

O principal produto da rede é o taco, que consiste em uma massa fina de milho, recheada de tomate, alface e carne moída com pimenta. No quesito preço, o empresário calcula que os lanches deverão sair, em média, cerca de 20% mais baratos do que similares no Mc Donalds, por exemplo.

“Tickets menores têm feito grande diferença nesse momento de economia em retração”, diz Paulo Solmucci, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Redes em que o consumidor tem um gasto médio de cerca de R$ 15 têm registrado taxas de 20% a 30% de crescimento.”

Mas, apesar do avanço nas vendas, Solmucci alerta para a diminuição das margens do setor. “O ano passado foi muito duro para o segmento, com muita pressão dos custos.” Segundo ele, neste primeiro trimestre, pela primeira vez em dez anos, os preços da alimentação fora de casa não subiram acima da inflação geral.

O investimento de R$ 100 milhões na Taco Bell está sendo feito apenas com recursos da Sforza, gestora da família Martins. Com administração própria, a empresa investe o patrimônio da família em três ramos: investimentos financeiros, imóveis e private equity (compra de participações em empresas). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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